Quando o assunto é máquinas agrícolas e serviços, a palavra de ordem é conectividade. A convergência entre a tecnologia de equipamentos e dados agronômicos cresce com soluções que unem informações dentro de uma plataforma única. No Show Rural Coopavel, uma das principais feiras agrícolas do país, encerrada na sexta-feira em Cascavel (PR), fabricantes reforçaram a tendência de integrar seus produtos com serviços que ajudam na tomada de decisão dos produtores.
As marcas Case IH e New Holland, da CNH Industrial, anunciaram parceria global com a Climate Corporation, da Monsanto. O acordo permitirá que as máquinas compartilhem dados da operação em tempo real com a plataforma de agricultura digital da empresa de biotecnologia.
– A possibilidade de sistemas independentes se comunicarem aumentará a eficiência no campo, fazendo com que seja possível diagnosticar um problema antes mesmo que aconteça – explica Gregory Riordan, diretor de tecnologias do grupo CNH Industrial.
A novidade poderá entrar em operação no Brasil na próxima safra. Além da instalação do aplicativo FieldView nas máquinas, as empresas possibilitarão que os agricultores compartilhem informações em tempo real com o concessionário local. Outro acordo anunciado pela CNH Industrial é com a Microsoft, que conectará todas as máquinas do grupo.
– É uma padronização e digitalização das informações para uma análise preditiva – conta Riordan.
Fabricante de máquinas e implementos agrícolas, a gaúcha Stara também firmou parcerias para aumentar a conectividade de seus produtos. Desde 2017, a indústria de Não-Me-Toque testa a comunicação entre a telemetria de agricultura de precisão usada nas máquinas com um software de gestão criado pela SAP Labs Latin América, de São Leopoldo.
– A união das informações facilitará a gestão financeira e o controle de estoque. Ninguém sabe melhor o quanto a máquina aplicou do que ela mesma – exemplifica William Wagner, coordenador de marketing de produto da Stara.
A partir deste ano, a fabricante abrirá seus softwares para se comunicar com outras ferramentas de gestão, compatíveis com o sistema de telemetria.
– De nada adiantar ter a informação e segurá-la. A intenção é tornar a informação mais simples e palpável ao produtor rural – completa Wagner.
Sistemas multimarcas facilitam comunicação
Com o uso de módulos multimarcas, que funcionam em diferentes equipamentos e marcas, a Jacto quer ampliar a conectividade de seus produtos. Uma das novidades é o mapa de qualidade da aplicação de defensivos agrícolas. Em um sistema de microestrações meteorológicas, sensores medem a temperatura e umidade do ambiente em tempo real – selecionando o bico e a vazão ideais para a pulverização das lavouras.
– A informação cria um algoritmo da taxa de operação, gerando um mapa da qualidade da aplicação – explica Cristiano Pontelli, gerente de negócios da Otmis, marca da Jacto para agricultura de precisão.
O percentual abaixo de 5% é considerado muito bom, entre 5% e 10% bom e acima de 10%, insatisfatório.
– Tudo isso controlado pelo celular ou tablet, de qualquer lugar onde o produtor esteja – resume Pontelli.
Para fazer frente às concorrentes no Brasil, a fabricante argentina Pla oferecerá junto com seus pulverizadores um sistema de telemetria com piloto automático e GPS, desenvolvido pela empresa paranaense Agres. A tecnologia estará disponível a partir do segundo semestre do ano em todos os produtos da marca – que busca ganhar espaço no mercado brasileiro.
– Já temos essa tecnologia nos pulverizadores fabricados na Argentina. Trazendo ao Brasil iremos aumentar a integração dos equipamentos com ferramentas de serviços – afirma Maximiliano Cassalha, diretor de vendas e marketing da Pla.
* A repórter viajou a convite da CNH Industrial