Com cinco das seis indicações geográficas brasileiras no setor vinícola, o Rio Grande do Sul deve conquistar novos selos com a busca de certificação. A próxima Denominação de Origem (DO) para vinhos gaúchos deverá ser concedida a Pinto Bandeira. O município está elaborando a documentação para pleitear o título no INPI. O foco da DO será destinado à elaboração de espumantes pelo método tradicional, cuja fermentação ocorre dentro da garrafa.
– Estamos adiantados no processo. Acreditamos que até final de 2018 saia o reconhecimento da DO – estima Arlete de Césaro, secretária-executiva da Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho).
Atualmente, a localidade tem uma Indicação de Procedência (IP) para vinhos tranquilos (sem gás) e espumantes. Arlete relata que, desde 2010, quando a IP foi obtida, os negócios das vinícolas locais deram um salto e o interesse pela região aumentou. A quantidade de visitantes por ano pulou de 3 mil para 35 mil, em 2016. Além disso, as terras se valorizaram. O preço médio do hectare dobrou, passando de R$ 50 mil a R$ 100 mil.
O forte de Pinto Bandeira são os espumantes. Empresas como Geisse e Don Giovanni, duas das quatro com produtos com o selo da IP, têm praticamente toda sua produção de uvas voltada para esse tipo de bebida. Ao todo, 450 dos 1,2 mil hectares locais são de viníferas, utilizadas na elaboração de vinhos finos.
Entre as regiões que já ostentam o título de IP é comum o desejo de avançar um degrau e pleitear uma DO. É o que também acontece com Farroupilha, que desde 2015 tem selo próprio. Com predomínio da uva moscato na produção de vinhos e espumantes, nove vinícolas locais têm produtos que se enquadram dentro dos critérios exigidos pela IP. No ano passado, colocaram 300 mil litros de vinhos e espumantes certificados no mercado. O objetivo é elevar o montante a 900 mil litros por ano.
– Temos a particularidade de produzir metade da uva moscato do Brasil e queremos que nosso vinho seja reconhecido.
A Indicação de Procedência é boa para nos dar conhecimento para, mais na frente, buscarmos uma DO – detalha o presidente da Associação Farroupilhense de Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados (Afavin), João Carlos Taffarel.
Entre todas as indicações geográficas de vinhos no Brasil, a de Farroupilha detém a maior extensão territorial. Ao todo são 379 quilômetros quadrados, sendo 128 apenas de área com uva moscatel. A maior parte da produção local é de vinhos tranquilos e, na sequência, de espumantes.