Com 80% da produção ainda destinada para leite UHT e em pó, as indústrias gaúchas buscam aumentar o valor dos produtos investindo nos derivados – menos suscetíveis à variação de preço. A principal aposta são os queijos, especialmente os finos (maturados) – que conquistam os consumidores pelo sabor e pelo aroma mais apurados.
– O custo maior de produção é compensado pelo preço superior do produto, que também sofre menos oscilações de mercado – explica Alexandre Guerra, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat).
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Hoje, existem mais de 50 tipos de queijo no mercado – de light, zero lactose a versões com ervas finas e temperados – produzidos por diferentes marcas. Boa parte deles foram levados ao Pub do Queijo, espaço inédito criado na 40ª Expoleite e 13ª Fenasul, que vai até este domingo no parque Assis Brasil, em Esteio.
– O queijo não é só para alimentação, mas também para atender às necessidades de diferentes tipos de consumidor – diz Guerra.
Os nobres, normalmente maturados por meses, respondem ainda por apenas 10% das vendas gerais do produto – concentradas nos tipos prato e muçarela, que representam mais de 70% do mercado. Com 13% da produção nacional de leite, 4,6 bilhões de litros por ano, o Rio Grande do Sul quer ser reconhecido como um grande produtor de queijo. Para isso, a qualidade do leite é fundamental.
– Um leite ruim não faz um queijo bom. A quantidade de sólidos é muito importante – destaca Letícia Capiello, veterinária e consultora de qualidade.
Indústrias tecnificadas
A especialista explica que o sabor, o aroma e a consistência dos queijos dependem também do tempo de maturação e das culturas lácteas (bactérias) adicionadas. Normalmente, os maturados têm mais umidade, gordura e proteína, explica Letícia:
– As indústrias estão se tecnificando cada vez mais para aumentar a qualidade dos derivados.
E, ao contrário do senso comum, a maioria dos queijos não tem lactose. A intolerância a queijo é provocada pela caseína, proteína do tipo fosfoproteína encontrada no leite fresco.
Qualidade reconhecida em concurso leiteiro
A alta qualidade do leite produzido pela família Ferraboli, de Anta Gorda, no Vale do Taquari, faz com que 100% da produção seja destinada para produção de queijo. Com 130 vacas, das quais 55 em lactação, o produtor Paulo Ferraboli, 52 anos, consegue manter rendimento parelho do rebanho com investimentos em genética e nutrição – além do trabalho comprometido de toda a família.
– O leite tem mais gordura. Com isso conseguimos preço melhor na indústria – diz Ferraboli.
Na última quinta-feira, a qualidade do plantel foi reconhecida no concurso leiteiro da 40ª Expoleite e 13ª Fenasul, em Esteio. A vaca 266 Damasco, criada na propriedade dos Ferraboli, ganhou o primeiro lugar entre as competidoras adultas. A fêmea alcançou rendimento de 73,3 quilos de leite em três ordenhas. O mesmo animal foi vencedor do concurso realizado na Expointer em 2016, na categoria jovem.
– Na Fenasul do ano passado perdermos por 10 gramas. Agora, o prêmio não escapou – conta entusiasmado o filho Diogo Ferraboli, de 23 anos.