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A porto-alegrense Laura Carpes, que é nutricionista e relações públicas, se apresenta nas redes sociais como “A menina dos conselhos e dos dates ruins”. Isso porque, aos 27 anos, a gaúcha já tem na bagagem uma série de primeiros encontros desastrosos e engraçados, experiências que ela decidiu compartilhar em vídeos nas redes sociais. O objetivo é fazer rir e mostrar que não, não foi só você quem viveu momentos de desconforto extremo quando saiu para conhecer uma pessoa.
O tema #DateRuim é um dos queridinhos na Internet e motiva uma série de perfis, sites, hashtags no Twitter e podcasts. Laura, que há pouco mais de um ano fala desse assunto online, já acumula mais de 740 mil seguidores no TikTok e 64 mil no Instagram. Além de relatar suas vivências, ela também conta as histórias que seus seguidores enviam por e-mail ou mensagem.
— Acho que é um tema popular, porque todo mundo se identifica de alguma maneira com a pauta relacionamento. Mesmo mulheres que hoje estão casadas gostam de vir me contar histórias de quando eram solteiras, relembrar. Tu escuta, ri junto e fica um pouco mais confortável porque pensa “nossa, não é só comigo que acontecem essas desgraças”. O objetivo é rir, não traumatizar. É sobre a gente sentir que não é só conosco. E também para que as pessoas fiquem mais atentas, já que é possível se poupar de muita situação ruim se estivermos atentos aos sinais antes — afirma Laura.
A gaúcha já tinha costume de publicar conteúdos na internet, vídeos de maquiagem, principalmente, mas seu perfil mudou de patamar com os relatos de relacionamento. O mais viral, que chegou a oito milhões de visualizações, é sobre um encontro decepcionante que ela teve em 2018, com um homem que tinha conhecido na internet. Veja o relato:
![Laura Carpes / Arquivo Pessoal Laura Carpes / Arquivo Pessoal](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/8/1/4/5/2/1/3_9a35d4e7aa2b5b9/3125418_c096238d6f11d78.jpg?w=300)
“Cheguei ao lugar do encontro, um shopping aberto de Porto Alegre, e o cara já foi meio frio comigo, não me dava atenção. Passados uns 15 minutos, sentaram na nossa mesa uns amigos dele – que ele havia chamado. Achei muito estranho, porque era para ser um rolê só nosso. Ele não olhava na minha cara em nenhum momento, não conversava comigo, literalmente ignorou a minha existência. Fiquei super constrangida, sem entender nada, e ele me tratando super mal. Se fosse hoje em dia, é claro que eu levantaria e iria embora. Naquela época, porém, fiquei sentada pensando “o que será que eu fiz de errado para ele me tratar assim?”. Era um tempo em que eu tinha várias inseguranças.
A parte engraçada desse date é que, antes de ir ao banheiro, deixei minha bolsa em cima da mesa com o celular gravando áudio, porque tinha certeza de que eles iriam falar algo de mim quando estivessem a sós, os homens. Fui ao banheiro, voltei, continuei mais um tempo naquela situação horrível. Os amigos tentaram dar uma aliviada e dizer que o cara tinha bebido. Ele foi embora sem sequer dar tchau.
Em casa ouvi o áudio em que ele falou coisas como “ah, eu pensei que ela seria bonita, mas achei ela feia. Era mais bonita no Instagram, deu vontade de sair correndo” coisas assim. Óbvio que ele não tinha obrigação de se interessar, de me achar bonita, mas tinha, no mínimo, que ser educado com a pessoa que convidou para um encontro. Mal trocou duas palavras comigo.
Contei essa história online e mostrei o áudio. Viralizou. As pessoas me encontravam na rua querendo saber quem era o cara, mas eu nunca falei. Nem sei se ele sabe dessa história. Na época não foi legal, né? Fiquei até desmotivada de sair com outros caras. Hoje eu dou risada disso, estou bem. Até brinco que, se um dia encontrá-lo num rolê, vou falar “obrigada, querido, tu teres sido um belo de um m*rda fez eu ganhar mais de 100 mil seguidores de uma vez”, que foi o que veio naquela semana que fiz a postagem.”
Dá para evitar o date ruim?
Depois que acumulou alguns primeiros dates desagradáveis, somados à experiência que adquiriu reunindo centenas de histórias dos seguidores, Laura desenvolveu algumas estratégias para se precaver de um primeiro encontro desagradável. Uma delas é conversar muito, tentando entender os valores e a forma de pensar da pessoa antes de cogitar marcar o encontro presencial.
— É fato que a gente acaba conhecendo a maioria pela Internet e aplicativos. Eu, por exemplo, costumava trocar meia dúzia de palavras e já topava sair, não fazia um grande filtro antes do encontro. E aí que aconteciam os problemas. Hoje, vejo que o melhor é conversar muito com a pessoa antes de sair, ver se as ideias batem. É claro que, mesmo conversando antes, o encontro pode acabar sendo bem “nada a ver”, mas o diálogo diminui o risco — afirma Laura.
Boa parte dos relatos que a relações públicas recebe também tem a ver com incompatibilidade de expectativas no que diz respeito ao local do encontro. Elas contam “ah, ele me levou a um restaurante horrível”, “me levou pro meio do mato”, “ficamos andando de carro pela cidade”. Por isso, a dica é alinhar antes, para não passar perrengue.
Dates ruins no podcast
Assim como já fazem Déia Freitas no podcast Não Inviabilize e Camila Fremder no É Noia Minha?, a humorista Dani Calabresa também entrou na onda de levar para as plataformas de streaming de áudio as epopeias de encontros péssimos. Faz isso com o semanal Posso mandar áudio?, que foi lançado em abril e leva como um de seus motes o fato de que gente famosa também não se escapa do #DateRuim.
A prova disso são os relatos de figuras como Xuxa, Fábio Porchat, Pequena Lô e outros, que contam suas experiências em uma conversa que simula uma troca de áudios pelo WhatsApp. Em um dos episódios mais recentes, com Gaby Amarantos, a cantora falou da primeira vez em que viajou com o namorado (que hoje é marido), o cineasta britânico Gareth Jones. Eles estavam juntos havia duas semanas em viagem pelo Pará, onde a cantora tinha show. Desavisado dos poderes da cachaça de jambu que experimentou numa noite, o britânico “se passou” na bebida, ficou envergonhado e se escondendo da cantora, com medo que ela fosse terminar a relação.
— O boy ficou bêbado! Ele tava com muita vergonha de que eu visse ele bêbado na nossa primeira experiência mais íntima — disse Gaby à Calabresa. A cantora levou numa boa e os dois estão juntos há oito anos.
Já a atriz Fernanda Paes Leme compartilhou sobre um date ruim que não teve final tão feliz. Em um Carnaval de Salvador, quando estava solteira, trocou uns beijos no camarote com um homem em quem estava interessada. Foram para o hotel dele, onde a temperatura estava esquentando, até que deu uma esfriada súbita:
— Começou a esquentar o clima, ele começou a beijar meu corpitcho, a descer para uma parte muito agradável — conta no podcast, rindo — Quando, de repente vi que ele parou de se mexer. Olhei pra baixo. Ele dormiu. Capotou — lembra a atriz, que então juntou suas coisinhas e foi embora curtir o Carnaval.
Confira histórias enviadas por seguidoras da “menina dos dates ruins”
Climão e carteiraço
O relato a seguir foi enviado para a Laura em maio de 2022 e é sobre uma mulher de Santa Catarina, de 33 anos. Confira a história:
“Conheci o rapaz no aplicativo de namoro. Ele era ex-vereador de uma cidade vizinha à minha, mas, pela foto e descrição nas redes sociais, ele nunca superou o fim do mandato. Conversamos por um tempo e ele me convidou para jantar. Pediu para que eu fosse até o barzinho com um carro de aplicativo, que ele pagaria. Detalhe: o bar era em outra cidade. Ele chegou (atrasado) e me disse para pedir tudo o que eu quisesse, pois lá ele não pagava a conta, por causa do cargo político. O tempo todo ele levantava para cumprimentar as pessoas, me senti em um comício. Hiperativo, não ficava um minuto sentado na mesa e incomodava todas as pessoas do bar. Na hora de ir embora, ele simplesmente largou a comanda em cima da mesa e saiu, se aproveitando do cargo (que no caso ele nem tinha mais). Passei o maior constrangimento. O dono do bar nem soube o que dizer, ficou estático, me senti assaltando o barzinho.
Não contente com o date fracassado, eu ainda topei ir com ele para uma baladinha ali perto. Fomos no carro dele, que deu carteirada na entrada do estacionamento: mesmo o segurança não deixando entrar sem pagar, ele enfiou o carro e entrou. Na balada, ele nos colocou em um camarote onde visivelmente ninguém suportava a presença dele ali. Bebeu da bebida das pessoas e fomos embora — mais uma vez sem pagar. O final é ainda pior: ele foi berrando até a minha casa, porque um rapaz me convidou para dançar, sendo que eu não aceitei! Entrei em casa, bloqueei ele em tudo e nunca mais quero sair com político na vida."
Desastroso e sobrenatural
O relato a seguir foi enviado para a Laura em maio de 2022 e é sobre uma garota de São Paulo, que hoje tem 27 anos. O date ruim foi há sete anos. Confira a história:
“Estava eu fazendo faculdade, no auge dos meus 20 aninhos. Eis que conheço um moço muito bem gato, gatíssimo. Logo pensei “Ah, vou pegar”. Começamos a conversar e num domingo fomos tomar uma cerveja. Quando já estava escurecendo, eu falei “ei, você não quer ir para outro lugar não?”. E ele topou. Fomos para um lugarzinho mais reservado, perto dali, onde estávamos bebendo. Começamos a nos beijar e as peças de roupas foram se subtraindo. E agora que a história fica boa: enquanto estávamos nos amassos, ele dava umas rosnadas. Isso mesmo. Rosnadas.
Mas pensei “sei lá, cada um tem o seu jeitinho nessas horas”. Aí, na hora do vamos ver, o cara olha para mim e fala que não pode prosseguir, pois ele tem um segredo tenebroso. Na hora pensei que fosse algum tipo de doença, pela forma como ele disse. Em seguida, ele me fala que é um lobisomem e que não poderíamos fazer nada, pois, se fizéssemos, ele me colocaria no meio de uma briga entre lobisomens e vampiros, e ele não queria fazer isso com a minha vida. Eu achei que era brincadeira, mas quando ele começou a contar sobre como eram as transformações na lua cheia, fiz cara de seriedade. Disse que “entendia, claro”, que deveriam ser muito sinistras e tensas de lidar. Falei tudo isso torcendo para não virar janta do famigerado lobisomem.
Nos vestimos, ele pagou a conta e saiu da faculdade. Nunca mais o vi. Quando cheguei em casa, fiz aquela autoconferência básica para ter certeza de que estava tudo nos conformes. E não tinha nada de estranho, estava tudo bem. Essa é a história de como eu quase entrei na briga dos lobisomens com os Cullen.