Ser dona do próprio negócio exige dedicação, investimento, aprendizado e, não menos importante, uma boa rede de contatos profissionais. Fortalecer essas relações é um dos objetivos da plataforma Empreendedoras Maduras, marketplace que reúne prestadoras de serviços com idade a partir de 40 anos, lançado em 2020 pela expert em longevidade Bete Marin e pela jornalista Claudia Reis.
— Há muitas dificuldades para empreender. As mulheres são boas para fazer a gestão de muita coisa, no ambiente familiar, principalmente. Desenvolvem um network muito interessante na parte mais emocional, mas na vida profissional não é tão desenvolvido — diz Bete, ao comentar a origem da plataforma.
Assim, o espaço virtual surgiu como uma ferramenta para conectar empreendedoras e pega carona no ritmo da nova geração de mulheres maduras, que segue ativa, estudando, viajando, querendo encontrar as amigas, cheias de planos.
— Mas, para fazer tudo isso, precisamos de dinheiro, estar economicamente ativas e, como a gente tem mais dificuldade de se manter no mercado de trabalho, uma saída é empreender — aponta.
Segundo o Relatório Empreendedorismo, feito pelo Sebrae em 2019, havia no Brasil 24 milhões de mulheres empreendedoras, sendo que 34% têm mais de 55 anos. Durante a pandemia, esse percentual cresceu para 40%. Hoje, são mais de 30 milhões, o que representa metade do empreendedorismo brasileiro, de acordo com a Global Entrepreneurship Monitor.
Embora os números venham aumentando, ainda estão longe do ideal e falta incentivo para as mulheres seguirem na área.
— As empreendedoras continuam sendo menos prestigiadas do que seus pares masculinos. Os incentivos de todas as ordens, desde os financeiros até os emocionais, continuam apostando a maior parte dos recursos com a velha mentalidade de que o homem é capaz de resultados mais seguros — observa a expert em longevidade.
Quem sai perdendo, no entanto, é o próprio mercado de trabalho, pois o empreendedorismo protagonizado pela mulher madura tende a agregar valores positivos aos negócios. Confira alguns pontos listados por Bete em entrevista à Donna:
Ela chegou em um momento em que está trabalhando com brilho nos olhos, pois pôde escolher direcionar o seu negócio para aquilo pelo que é apaixonada. Você vai ver um comprometimento grande
BETE MARIN
Expert em longevidade
Experiência
Além da expertise em sua área de atuação, tem muito amor envolvido no negócio de uma empreendedora acima dos 40 anos.
— Ela chegou em um momento em que está trabalhando com brilho nos olhos, pois pôde escolher direcionar o seu negócio para aquilo pelo que é apaixonada. Você vai ver um comprometimento grande — cita a especialista.
Troca
A troca de conhecimento entre gerações é outro fator positivo, pois acrescenta qualidade aos serviços prestados de uma forma ampla. De um lado, jovens podem trazer informações atualizadas sobre o que está acontecendo no mundo corporativo. De outro, o tempo a mais de vida ajuda a lidar com os desafios cotidianos de maneira mais assertiva. Sem contar que as empreendedoras maduras acabam se tornando referência para mulheres mais jovens, que encontram em quem se espelhar na hora de pensar em planos profissionais para o futuro.
Independência financeira
Como empreendedora, ter o poder de gerir suas finanças por conta própria não somente ajuda a planejar melhor o orçamento como contribui para a autoestima.
— A gente passa a conseguir pensar no dinheiro de uma maneira mais próspera, a entender que está reservando para um sonho, para decidir o que quiser fazer, se vai ficar ou sair de um relacionamento, viajar, voltar a estudar e, principalmente, planejar esses anos a mais que temos pela frente. O que mais tememos no processo de envelhecimento é perder a autonomia e a independência, e ambos passam pela questão financeira também — pontua.
A plataforma
A Empreendedoras Maduras reúne atualmente mais de 200 mulheres de diferentes lugares do país. Além de ser um marketplace, as profissionais cadastradas contam com uma rede de apoio e acolhimento, que funciona por meio de encontros, divulgação, cursos e workshops de aprimoramento, em áreas como técnicas de vendas.
Atualmente, a plataforma está à frente de um mapeamento das empreendedoras no Brasil, com o auxílio de outras instituições. Quando os resultados estiverem à mão, a ideia é buscar incentivo e capacitação para fortalecer essas profissionais e ampliar seu espaço no mercado de trabalho.
A pesquisa segue em andamento e pode ser respondida por mulheres de todas as idades, sejam empreendedoras ou não, já que questiona também os motivos para não empreender. O acesso pode ser feito pelo site empreendedorasmaduras.com.br ou no Instagram, pelo perfil @empreendedorasmaduras.
Cinco dicas para começar a empreender
- Resgate a sua experiência. Não invista em algo que não tem nada a ver com você. Valorize aquilo que sabe fazer.
- Planeje. Planejamento é essencial. Com a ideia na cabeça, avalie quanto precisará investir para colocá-la em prática, organize seu orçamento, estude o mercado, veja se há interesse no que você está oferecendo. Depois, conheça seu produto, seu serviço e liste o que precisa ser melhorado.
- Invista. Após organizar seu orçamento, tenha uma reserva financeira estabelecida e invista, tanto em aprimoramento pessoal como no desenvolvimento de seu produto. Instituições como o Sebrae oferecem cursos online gratuitos nesse sentido.
- Tenha resiliência. Saiba que você vai ouvir muitos “nãos” e talvez não encontre apoio o tempo todo. Mas tenha certeza do que quer e siga em frente.
- Faça network. Conecte-se com outras pessoas. Procure cursos e plataformas nas quais possa encontrar contatos profissionais.