Você tem uma amiga da vida toda? Aquela parceira de décadas que está sempre ao seu lado nas horas boas e ruins? Para marcar o Dia do Amigo, celebrado na próxima terça (20), convidamos cinco leitoras para compartilharem suas histórias de grandes amizades que atravessam os anos. Algumas encontraram nas vizinhas uma rede de apoio incondicional, outras desenvolveram uma conexão com amigas de escola que segue até hoje. Há também aquelas que trabalharam juntas e viraram mais do que colegas, ou que se conheceram por acaso ainda nos primeiros dias de vida.
De todas as horas
Ao realizar seus exames de rotina, Karine Alves da Rosa foi alertada pelos médicos que precisaria encarar uma biópsia na mama. Uma investigação do quadro seria necessária após os especialistas identificarem alterações na mamografia e na ecografia mamária. Meio zonza com a notícia inesperada, a assistente administrativa de 45 anos saiu do consultório e ligou para a primeira pessoa que veio à sua mente: a amiga Karla Patrícia da Silva Tarragô. Elas se conheceram há 30 anos nos corredores do Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, e não se desgrudaram mais. Mas, além de ombro amigo, Karla era experiente no assunto: em 2017, havia sido diagnosticada com câncer de mama.
— Quando falaram em biópsia, caiu meu chão. Já entendi o que era. E sabia que somente a Karla poderia me abraçar e me acalmar, ela sabia o que eu estava sentindo de verdade — lembra Karine.
O resultado saiu em setembro do ano passado e confirmou a suspeita: a assistente administrativa estava com um tumor. A partir daí, Karine mergulharia no mesmo processo que a amiga encarou nos últimos quatro anos: sessões de quimioterapia, cirurgia, radioterapia e medicação. Na primeira quimioterapia da amiga, Karla estava lá segurando sua mão, assim como na primeira consulta com o médico. Depois da operação, trocou curativos, cozinhou e limpou a casa da amiga.
Até na hora de raspar o cabelo as duas estavam juntas, quando os fios de Karine começaram a cair e ela optou por passar a máquina zero com ajuda de Karla e do namorado da amiga. Mas não imagine uma cena triste, pois todos os desafios foram encarados com bom humor, elas garantem. A assistente administrativa conta que, apesar das dificuldades, é justamente o alto-astral e a sintonia entre as duas que não permite que a tristeza se estabeleça.
— A gente ri da vida, apesar das circunstâncias. O namorado dela passou a máquina no meu cabelo e demos risada, foi divertido. Ela me ajuda a levar as coisas com leveza — explica Karine.
As duas curtem passeios ao ar livre e têm saudades de aventuras em dupla, como quando foram a Três Coroas para descer as corredeiras. E Karine aproveita o espaço para mandar um recado para a amiga: quando a pandemia der uma trégua, quer encarar a trilha da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro.
— Não contei para ela ainda, mas é um plano que tenho, gostamos de natureza, seria legal. Ainda não combinamos, ela vai descobrir por aqui (risos) — brinca Karine.