Para marcar o Dia do Amigo, comemorado em 20 de julho, a Revista Donna reuniu histórias de mulheres que estão morrendo de saudade das suas parcerias e que deram um jeito de encurtar a distância física durante a pandemia.
A seguir, veja oito depoimentos de mulheres inseparáveis que contam histórias divertidas e cheias de afeto de como reinventaram a rotina para manter os laços mesmo com o confinamento. Vale cozinhar por videochamada, assistir a lives e até marcar de ir ao supermercado no mesmo horário:
Chá de bebê online – e surpresa!
"Nossa amizade começou em virtude dos nossos filhos há cerca de cinco anos. Somos uma turma de 25 mães e nossos filhos estudam no Colégio Farroupilha. Temos uma afinidade muito grande, costumamos arranjar motivos para nos encontrar, comemorar aniversários, datas festivas. Somos muito unidas. Na pandemia, fortalecemos ainda mais o vínculo.
O grupo se tornou um lugar para expressarmos nossos sentimos e as angústias diante de tanta incerteza. Um das amigas desse grupo é a Ignez, que está grávida. Um bebê é sempre um motivo especial para ser comemorado e a gente quis demonstrar o carinho por ela e também tornar esse momento especial apesar das circunstâncias. Armamos uma reunião alegando um motivo relacionado à escola, era um dia de manhã, um fim de semana, e aquilo causou bastante estranheza num primeiro momento.
Mas a Ignez não desconfiou de nada até o último momento. Fizemos a entrega dos presentes em tempo real, as sacolas chegaram por telentrega na casa dela enquanto estávamos online. Todas nos emocionamos e certamente revela que, mesmo distantes, estamos perto".
Ana Carolina Peuker, 42 anos, psicóloga
O bolo das Danielles
"Minha amiga também se chama Danielle e fomos vizinhas desde bebê. Na pré-adolescência, ficamos ainda mais grudadas, íamos a reunião dançantes, fazíamos questionários, dançávamos coreografias da Xuxa… Em 1987, o pai dela faleceu de forma repentina, e, logo em seguida, minha mãe morreu de câncer. Acabamos nos aproximando ainda mais.
Quando ela se mudou para outra cidade, perdemos um pouco o contato, mas retomamos a amizade em 2013 graças às redes sociais. Nunca mais deixamos de nos falar, ela vinha me visitar pelo menos três vezes no ano. Na pandemia, surgiu a ideia de fazermos um bolo juntas, lembrando do meu aniversário de 20 anos, quando ela fez uma torta de chocolate deliciosa e me deu de presente. O bolo demora uma hora para ficar pronto, mas a chamada de vídeo durou pelo menos três horas! Foi muito divertido, as nossas filhas participaram também. O próximo será de cenoura com cobertura de ganache de chocolate".
Danielle Melo de Barcellos, 44 anos, arquiteta e urbanista
De geração em geração
"Eu e a Luciana nos conhecemos no primeiro dia de aula da faculdade de Arquitetura, em 1999. Engravidamos juntas, nossas filhas nasceram com 15 dias de diferença – elas têm cinco anos agora. Criamos a Love Milk, uma marca de roupas para a amamentação e somos colegas de trabalho.
Hoje, a Luciana mora em Natal e foi uma separação difícil porque envolveu também a amizade das meninas. Antes da pandemia, ela vinha uma semana por mês para o Sul e, em abril, teve sua segunda filha, que não pudemos conhecer ainda. Dói não poder se ver neste momento. Para encurtar a barreira, as meninas estão se mandando carta pelo correio e também enviando roupas. Mandamos fantasias da Giulia endereçadas a Ana Maria, daí fizemos lives para elas se verem com as peças uma da outra. As reuniões sempre contam com a Ana Maria e a Giulia. É tão lindo que não tem como evitar. Os encontros acabam sempre com nosso quarteto".
Silvana Piccinini Loss, 39 anos, empresária e arquiteta
Mercado a duas
"Vim de Pernambuco para estudar em Porto Alegre, recentemente terminei o doutorado e me mudei para Bagé. Vou à Capital algumas vezes no mês e sempre encontrava minhas amigas para tomar alguma coisa ou dar um rolê no shopping. Com a quarentena, isso ficou prejudicado, sinto muita falta. Nos falamos todos os dias pelas redes sociais, mas dá saudades de se ver. Daí, eu e a Daphne tivemos a ideia de nos encontrarmos de uma forma criativa: marcamos de ir no mercado ao mesmo horário. É um lugar do qual não temos como fugir, né? Fomos caminhando com os carrinhos juntas, respeitando o distanciamento, de máscara, sem abraço, sem beijo. Conseguimos conversamos um pouco. Me lembrou os nossos passeios de antes do coronavírus e me fortaleceu psicologicamente".
Tali Bezerra, 33 anos, jornalista
Terapia do afeto
"Nossa amizade começou nos corredores do Colégio Anchieta. Conheci a Karina aos 11 anos, depois passamos a ser colegas da Letícia e da Cândida. Cada uma seguiu o seu caminho, mas ainda somos grudadas. Antes da pandemia, fazíamos uma pré-pauta dos encontros, tamanha a quantidade de assuntos para conversar. Costumamos fazer festa de Natal, trocamos receitas, dicas de produtos de beleza, de filmes, de séries, de vinhos… Somos todas mães de meninos, temos uma rede de apoio e nunca nos sentimos sozinhas.
Agora, pelo WhatsApp, fazemos a ‘terapia do afeto’ por áudio. Para uma, organizamos uma festa surpresa online, cada uma em sua casa, óbvio, mas com balões, chapéu, cenário. Já para a outra, mandamos flores e uma ‘festa na caixa’ Durante a pandemia, perdi meu pai, e minhas amigas fizeram a minha terapia intensiva, cuidaram de mim, ainda que de longe. Abasteciam-me de esperança, de fé, de força, de ânimo".
Desirée Bolzoni Simon, 42 anos, administradora
Toca Lulu
"A nossa amizade começou na escola. Aos cinco anos, eu e a Greice nos olhamos e nos escolhemos. Estudamos juntas e, mesmo quando ficamos em escolas diferentes, nos víamos todos os dias. Na vida adulta, ela foi morar em outra cidade e nunca perdemos o contato. Não tinha internet, mas trocávamos cartas, nos ligávamos e nos víamos pelo menos uma vez por ano.
Depois, ela voltou para o Estado e, agora, está morando no Interior. Antes da pandemia, vinha e passava alguns dias aqui em casa quase todos os meses – ela é madrinha do meu filho mais novo, o Lucca. Agora, optamos pela chamada de vídeo para matar a saudade. Assistimos juntas à live do Lulu Santos, que marcou nossa adolescência. Nos arrumamos, cada uma com sua taça de vinho, foi muito divertido. É a forma que encontramos de manter o vínculo".
Karina Kasper, 42 anos, pedagoga
Azamiga
"Somos nove mulheres, e a nossa amizade tem mais de 10 anos. Mantemos um grupo no WhatsApp para marcar encontros, conversamos, desabafamos. A última vez em que nos vimos foi no fim do ano passado. Sempre fazíamos encontros, a ‘festa do pijama’, só as mulheres. Era uma desculpa para tirar uma folga do marido e dos filhos. Pedíamos pizza, jogávamos conversa fora, bebíamos espumante. Para mim, nossa relação se fortaleceu ainda mais quando tive câncer e terminei o tratamento em janeiro. Não tenho nem palavras para descrever, sou eternamente grata pela força que elas me deram. Temos até uma camiseta, ‘Azamiga’, temos fotos usando. Com a pandemia, marcamos os encontros da “festa do pijama” virtuais, esperamos os filhos dormir e nos encontramos".
Fernanda Rosito, 41 anos, jornalista
Make e risadas
"Nós somos amigas de profissão, todas maquiadoras – apenas uma que não trabalha na área, mas entra na nossa onda. Conheci as meninas quando larguei a área corporativa e fui atrás do meu sonho de trabalhar com beleza. Elas eram muito presentes no meu dia a dia, e, agora, só por videochamada. Nossos encontros online na pandemia incluem jantares com maquiagem over ou temática para dar risada e aulas de funk ou zumba. Também fazemos nosso happy hour com máscaras de skincare no rosto.
Nem sei mensurar o tamanho da saudade, porque me separei em dezembro e estou morando sozinha. Eram elas que estavam o tempo todo aqui comigo nessa nova vida solo. Antes do coronavírus, nos víamos toda a semana, jantando fora, indo dançar, em barzinhos ou só se reunindo na casa de uma para conversar".