Você tem uma amiga da vida toda? Aquela parceira de décadas que está sempre ao seu lado nas horas boas e ruins?
Para marcar o Dia do Amigo, celebrado na próxima terça (20), convidamos cinco leitoras para compartilharem suas histórias de grandes amizades que atravessam os anos. Algumas encontraram nas vizinhas uma rede de apoio incondicional, outras desenvolveram uma conexão com amigas de escola que segue até hoje. Há também aquelas que trabalharam juntas e viraram mais do que colegas, ou que se conheceram por acaso ainda nos primeiros dias de vida.
Muito mais do que vizinhas
Pelo menos uma vez por dia, Katia Barreto, Mônica Baú e Ivone Borges Rodrigues convocam uma "reunião de condomínio". As três moram em casas próximas no mesmo residencial desde a década de 1980, e lá se vão quase 40 anos de vizinhança, amizade e parceria. Para bater o papo diário e manter os protocolos da pandemia, cada uma fica em seu pátio – as casas são cercadas com grades baixas – e é dali que a conversa rola.
— Jogamos muito papo fora, falamos de qualquer besteira. Temos o nosso núcleo, é como uma família mesmo — conta a aposentada Katia, de 67 anos. — São muitas afinidades, posições parecidas, não brigamos por política nem por religião. E temos muita empatia uma pela outra. Se é mulher, a gente defende.
Elas passaram por várias fases juntas: criaram seus filhos nas mesmas épocas, viram eles deixar o ninho e se tornaram avós. A confiança é tanta que até o carro as amigas se emprestam caso seja preciso. Também se revezavam para levar e buscar a turma na escola ou na balada. Em comum, uma saudade: todas viveram a experiência de ter algum dos filhos morando fora do país.
— Conto com elas para qualquer coisa, e vice-versa. Claro que já discordamos, temos nossas diferenças, até quando o assunto é criação de filhos. Mas nos respeitamos. Também não fofocamos de ninguém. Falamos "mal" só dos filhos mesmo, daí não tem problema (risos), cada um tem o seu — brinca a aposentada.
Katia ficou viúva há 10 anos, e as amigas acolheram e deram força para a parceira nesse momento difícil. As três se julgam "irmãs" e, de fato, há certo parentesco entre duas delas. Ivone foi casada com o irmão de Katia e teve um filho – o namoro começou nas churrascadas no condomínio. Mas, hoje, as festas, as idas ao Mercado Público ou até as saídas para dar um voltinha no shopping estão restritas devido ao coronavírus – mesmo vacinadas, todas já passaram dos 60 anos e integram o grupo de risco. O jeito é dar risada na "reunião de condomínio", pelas redes sociais ou pelo telefone.
— Não gosto de WhatsApp, a Ivone adora. Se ela me manda mensagem, eu ligo. Eu e Mônica nos falamos mais só pelo telefone mesmo. A maioria das conversas é para dar risada. Faz muito bem para a gente — conta Katia.