Muitos tutores perguntam se seus cães e gatos, por conviverem estreitamente com seres humanos, também não estariam sofrendo com o que vem sendo chamado de O Mal do Século.
A depressão, porém, não é a mesma nos animais, pois estamos falando de arquétipos mentais distintos, e a mente dos animais é mais primitiva quando o assunto tange a complexidade das emoções.
Os sinais que evidenciam que uma pessoa está sob os efeitos da doença não podem ser quantificados nos animais. Embora os estudos acerca do universo mental dos animais de estimação ainda estejam engatinhando, sabemos que eles podem passar por longos períodos de ansiedade e sofrer muito com questões emocionais. Isso quer dizer que seu pet pode ser um indivíduo particularmente sensível a alguma situação, e que isso pode afetá-lo de tal forma a ponto de adoecer – e até morrer – sob os efeitos do estresse prolongado.
O que nos tira o sossego de uma vida tranquila não acomete os animais. Situação financeira e complexidade das relações não atingem os mascotes, mas isso não quer dizer que estão isentos de ansiedade, mal-estar que neles se reflete como insegurança.
Apesar de ser uma preocupação legítima, antes de o tutor pensar sobre possibilidade de seus pets estarem deprimidos, deve se perguntar se seus mascotes estão felizes, ou pelo menos satisfeitos, e isso vale até mesmo para a quantidade de comida que ele recebe por dia.
Sendo assim, tudo que tem potencial para deixar um animal inseguro vai estressá-lo. Se isso for constante, seu pet começará a ter alterações de comportamento e, ainda que não possa ser caracterizada como depressão, seus efeitos são ruins e impedem o sossego do bichinho. E isso, do ponto de vista de qualidade de vida, é bastante ruim.
O que pode deixar seu pet infeliz
- Mudanças de tutor: elas têm um potencial gigantesco para colocar seu pet no fundo de um poço. Tudo que ele conhecia como sendo uma rotina mudou, e não necessariamente para melhor. Havendo a necessidade de deixar seu pet com outra pessoa, faça isso devagar. Embora alguns animais se adaptem muito bem ao novo lar, aqueles com mais idade podem passar por grande estresse nessa adaptação.
- Troca de alimento: se por alguma razão seu pet deve comer menos ou aderir a uma dieta, por exemplo, faça isso de forma gradual. Trocar a palatabilidade pode deixar seu pet ressentido, ainda mais se ele gostava da dieta anterior.
- Fome: tanto a troca de tutor quanto a mudança na marca de ração podem fazer com que seu pet não se alimente de forma adequada e isso vai fazer com que sinta fome, dores estomacais e ansiedade. O que pode ser quantidade ideal de comida para o tutor não é necessariamente aquela que deixa seu pet satisfeito.
- Rearranjo familiar: a chegada de uma namorada nova, de um bebê ou a ausência prolongada de uma das pessoas da família podem ser outra fonte de estresse para seu mascote - e isso inclui a chegada de um novo pet.
- Doença: ninguém gosta de sentir dor, nem mesmo os animais. Limitações físicas causadas por dor ou desconforto podem ser difíceis para o tutor perceber, mas afetam a qualidade de vida do pet. Animais que uivam, miam muito ou passam mais tempo deitados podem estar sofrendo com alguma patologia.
- Desconforto: sol na área de serviço a tarde toda com um pet que não tem para onde fugir é simplesmente desesperador. Ninguém merece a contenção, ainda mais em ambiente hostil. Conforto térmico é fundamental para seu pet não ficar angustiado.
- Diaristas: embora existam pessoas que amem animais, o grupo antagônico também tem seus integrantes. Passar o dia com uma pessoa que não se sente bem com bichos pode deixá-los extremamente nervosos a ponto de morder.
- Parasitas: se tem algo extremamente irritante para qualquer criatura é passar o dia todo se coçando. Ácaros de ouvido e pulgas conseguem deixar os animais de mal com a vida.
De olho no seu pet
Observe seu mascote quanto aos hábitos diários. Cada animal doméstico tem diferentes necessidades e seu próprio jeito de levar a vida. Enquanto alguns precisam de colo constante, para outros basta uma cama macia e um prato de comida para sentirem bem-estar. Entenda que estresse prolongado consome a alegria do seu mascote.
Então, para fugir da tristeza, o foco é este: deixar longe de seu bichinho situações que comprometam o bem-viver. Desta forma, as emoções negativas não encontram solo fértil no cérebro do seu pet. Lembrado que um dos objetivos de se conviver com animais é estar ao lado de criaturas primitivas, amáveis e divertidas que, isentas de ansiedade, conseguem manter essas características ativas em prol do bem-estar de seu tutor e da família dele.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.