Pandemia e inverno são dois fatores que podem complicar um bocado a vida dos nossos pets. Embora já tenham sido retomadas as caminhadas para muitos cães, tem muito tutor que acabou desacostumando seus mascotes a um passeio mais longo, e o resultado disso aparece na balança.
Atualmente, o sobrepeso e a obesidade em animais de companhia têm sido identificados como uma situação com forte potencial para afetar o bem-estar e a saúde dos cães e gatos. De acordo com a nutricionista Geruza Silveira Machado, estima-se que a obesidade afete de 6 a 12% dos felinos domésticos e 25 a 45% da população canina. Não é brincadeira o que os animais comem quando passam a maior parte do tempo dentro de casa. Por conta desse excesso de energia consumida, aliado a redução da atividade, cães e gatos caminham a passos largos rumo à obesidade.
— Por isso é muito importante os cuidados com a alimentação e as rotinas de atividade física, como caminhadas e corridas regulares, brincadeiras, agility, qualquer forma de fazer com que seu amigo gaste energia — recomenda a zootécnica doutora em nutrição animal.
Quando um pet começa a engordar?
Embora o controle do peso corporal dependa de uma ação conjunta entre os hormônios e neurotransmissores, o ganho de peso também é influenciado por outros fatores. Além de rotina e manejo nutricional, existem raças com forte tendência a aumentar o ponteiro da balança. O Cocker Spaniel e o Golden Retriever fazem parte desse grupo. Da mesma forma, animais mais velhos são outro grupo que um dia começa a caminhar com as pernas mais abertas, uma das consequências dos pets com sobrepeso.
Existem épocas do ano em que o mascote até pode ter um ganho extra na balança e isso varia conforme o manejo aplicado. Enquanto alguns pets engordam para valer no inverno, às vezes o excesso de liberdade - e o aumento da ingestão de petiscos - se dá no verão durante as férias da família. A famigerada festa de final de ano pode ser a mola propulsora de alguns dias de barriga bem cheia, mas tão logo o mascote volta à sua rotina, o excesso de peso também dá adeus àquele corpo. Algumas doenças hormonais também têm o poder de deixar seu mascote mais roliço, mas isso vem acompanhado de outros fatores e são diagnosticados em exames específicos. E também não podemos esquecer das mascotes em seu tempo reprodutivo, época em que realmente se espera aumento do peso seguido de uma forte redução dele após o parto.
Por quanto tempo um pet pode ficar gordinho?
A princípio, um indivíduo pode passar algumas semanas do ano com sobrepeso sem afetar sua saúde. Contudo, cada caso é único pois podemos estar falando de pets portadores de pequenas alterações cardíacas, situações que se agravam se o mascote se mantém gordo por muito tempo. Também devemos estar atentos à idade do animal e seu histórico familiar, uma vez que os mais gordos podem potencializar outras doenças, em especial as articulares e a diabetes. Assim como nós, seres humanos, há casos de pessoas que passaram décadas com um ligeiro sobrepeso sem isso afetar sua saúde. Verificar o que esse acúmulo de energia constante têm feito no organismo é elemento chave para constatar a necessidade de se estabelecer novas rotinas alimentares.
Como saber se meu pet está perigosamente gordo?
Gordurinhas extras no lombo não quer dizer necessariamente que seu pet está com a saúde ameaçada. Contudo, exames complementares em laboratório podem tranquilizar o tutor e mostrar a real situação em que seu pet gordinho se encontra nesse momento. Às vezes, a leitura mostra que uma drástica redução de peso se mostra necessária em um curto espaço de tempo, outras vezes apenas se constata que, apesar de fofinho e pesado, a saúde do seu mascote não parece estar afetada.
Porém, há tutores que não apenas admitem o manejo alimentar inadequado na rotina de seus pets como adoram abraçar aquele ser peludo e rechonchudo. Aliado a isso, existem ainda os pets reconhecidamente preguiçosos, animais que preferem passar boa parte do dia descansando mesmo. Nesse caso, tutores devem estar cientes de que esses mascotes precisam de revisão junto ao veterinário pelo menos duas vezes ao ano para não comprometer de forma irreversível a saúde dele.
O que ajuda seu pet a manter o peso ideal?
Considerando que o maior vilão para o aumento de peso nos mascotes domésticos seja excesso de ingestão alimentar, diminuir a quantidade que se oferece para o mascote continua sendo uma solução bastante eficaz, já que mascotes comem aquilo que lhes é oferecido sem conseguir mais alimento por conta própria. Para quem vai morrer de pena ao ver seu pet procurando por mais comida, saiba que existem rações que saciam a fome sem aumentar o aporte energético. O que ocorre é que muitos mascotes rejeitam a mudança da ração, e é nessa hora que o veterinário pode te auxiliar a escolher a marca mais adequada para essa transição.
Agora, com a aproximação de dias mais quentes, muitos desses gordinhos começam a perder peso naturalmente. Isso costuma estar relacionado com o aumento das atividades físicas. Não tem muito segredo. O que nós usamos para emagrecer, dieta balanceada e exercícios, vale também para os animais de estimação.
É bom lembrar que o movimento faz parte da natureza dos animais carnívoros, espécies que se mantiveram até os dias atuais justamente por terem corrido atrás de seu alimento, atividade responsável também pela lubrificação de suas articulações. O exercício, por menor que seja, sempre vai fazer bem ao seu mascote, salvo aqueles que já tenham disfunções cardíacas ou articulares instaladas. Nesse caso, a atividade física deve ser monitorada, pois pode sobrecarregar problemas pré-existentes.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É - histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação". Escreve semanalmente em revistadonna.com.