Festa de Natal, família reunida, crianças correndo de um lado para o outro, todos felizes e distraídos. Pois saiba que são comuns acidentes envolvendo petiscos da ceia de Natal e animais de estimação. Não raro, os pets ganham algum agradinho dos convidados que, por falta de conhecimento, acabam contribuindo com a intoxicação alimentar dos bichinhos.
O chocolate é o principal vilão, mas não o único. A zootecnista e doutora em nutrição de cães e gatos na UFRGS, Geruza Silveira Machado, preparou uma lista dos alimentos que comprometem não apenas suas férias, mas a vida de seu mascote. Confira:
Chocolate
A rápida absorção de seus componentes, ao chegarem ao sistema nervoso central, causam excitação. Diarreia, vômito, tremores e respiração acelerada surgem de 6 a 12 horas após a ingestão e podem persistir por dias. Pode ocorrer hemorragia intestinal e, em casos mais severos, convulsão e até coma. A princípio, a dose tóxica de chocolate varia de acordo com o porte físico e a sensibilidade do animal. Porém, é sabido que uma barra de 120 gramas pode ser fatal para um cãozinho de dois quilos.
Cafeína
É tóxica se ingerida em altas doses (63mg/kg de peso do cão).
Alho ou cebola
Esses alimentos têm concentrações de dissulfetos e são tóxicos em altas concentrações. Vômitos, diarreia, perda de apetite, depressão e dor abdominal são as principais queixas dos tutores. Em vista disso, pode se notar fraqueza, decorrente de um quadro de anemia.
Macadâmia
Pode ser fatal se ingerido por cães. O quadro é gastrointestinal, além de tremores, problemas musculares, respiratórios e febre.
Panetone e uva passa
Segundo o Centro de Controle de Envenenamento Animal (APCC) da Sociedade Americana para Prevenção da Crueldade a Animais (ASPCA), a ingestão de uvas pode causar insuficiência renal aguda, o que o levaria à morte do cão. Ainda que não se conheça o mecanismo de ação, não se recomenda seu consumo.
Bebida alcoólica
O efeito do álcool sobre o fígado e cérebro dos humanos é o mesmo apresentado pelos cães. Estes, porém, são sensíveis a doses mais baixas de consumo.
Ossos
O maior problema com os ossos é o risco de obstrução do esôfago e engasgamento. Se mastigados, lascas do osso podem perfurar gengivas e até o sistema digestivo do animal. Apesar de largamente difundido em nossa cultura, o osso é outro vilão que seu cão deve manter distância.
Abacate
Embora inofensivo para humanos, a substância chamada persin é altamente tóxica para a maioria dos animais.
Maionese caseira e ovo cru
O problema é o ovo cru oferecido por longo período de tempo. Além do risco de contaminação por bactérias (como a salmonella), sua ingestão promove a absorção de enzima que interfere no metabolismo de uma vitamina B. Nesse ínterim, é possível aparecer distúrbios na pele e pelo do cão.
Doces (balas, chicletes, etc)
Xilitol, um adoçante artificial encontrado em doces e balas, pode causar problemas hepáticos e queda dos níveis de açúcar no sangue. Sendo assim, o consequente aumento da insulina pode desencadear um quadro de diabetes. Em função da obesidade e problemas dentários, o açúcar já é condenado na alimentação dos pequenos animais, apesar de ser difícil impedir que seja pelas crianças oferecido.
E não é por mal que animais se intoxicam! Por mais que se tente deixá-los afastados do perigo, o próprio mascote encontra um jeito de burlar nossa atenção. E assim, basta um petisco caído no chão, roubado das mãos das crianças e até mesmo do cesto de lixo para causar problemas.
Para começar 2019 com a pata direita, não descuide da alimentação de seu pet nas festas de final de ano. Se for o caso, pondere se não é mais seguro deixar seu amigo em um hotelzinho nesse dia.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com