De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos Fiscais e pela faculdade de Educação da Universidade de Londres (UCL), e publicada no jornal britânico The Guardian, mães que trabalham conseguem realizar apenas uma hora de serviço remunerado a cada três realizadas por homens durante o período de distanciamento social.
O estudo também diz que, na Inglaterra, as mães são mais propensas a perderem seus empregos durante o confinamento do que os pais, o que sugere que a crise provocada pela pandemia de coronavírus possa acentuar a desigualdade e levar ao aumento da disparidade salarial entre os gêneros.
Em outra pesquisa, o Escritório de Estatísticas Nacionais da Inglaterra apontou que as mulheres realizam mais de uma hora a mais de trabalho não remunerado do que os homens todos os dias, apesar de eles terem aumentado suas responsabilidades durante a quarentena.
A pesquisa da UCL entrevistou 3.500 famílias e concluiu que as mães estavam cuidando mais dos filhos do que os pais. As entrevistadas cuidavam dos pequenos em média 10,3 horas por dia - 2,3 horas a mais do que os pais - e realizavam tarefas domésticas por 1,7 horas a mais do que eles.
Nas famílias em que o pai havia parado de trabalhar enquanto a mãe continuava, em média, eles faziam a mesma quantidade de trabalho doméstico que elas - enquanto a mulher ainda fazia cerca de cinco horas de trabalho remunerado por dia.
O estudo ainda constatou que as mães são 23% mais propensas a perderem temporariamente ou permanentemente seus empregos durante a crise.
Alison Andrew, economista sênior de pesquisa, afirmou ao jornal que as mães agora têm 9% menos probabilidade de se manterem no trabalho remunerado do que os pais, o que pode ter sérias consequências para o futuro da economia.
— É mais provável que as mães tenham deixado o trabalho remunerado desde o início do confinamento — disse ela. — Elas reduziram mais suas horas de trabalho do que os pais, mesmo que ainda trabalhem, e experimentam mais interrupções durante o serviço em casa, principalmente devido aos cuidados com os filhos. Um risco é que o confinamento leve a um aumento adicional na diferença salarial entre os gêneros.
Em contrapartida, os pais aumentaram o tempo que gastam em tarefas domésticas e em cuidado com os filhos, fazendo quase o dobro de horas do que faziam em 2014 e 2015.
— Isso pode trazer mudanças nas rotinas de pais, mães, crianças e na percepção de empregadores quanto ao papel dos pais em atender às necessidades da família — disse a vice-diretora de pesquisa da UCL, Sonya Krutikova, à publicação.
Já o estudo do Escritório de Estatística Nacional comparou dados registrados entre 28 de março e 26 de abril com números do estudo anterior de abril de 2014 e dezembro de 2015. O tempo gasto com cuidados infantis aumentou 35% durante o confinamento, enquanto os cuidados com idosos, como avós, caíram 90%, segundo a pesquisa.
Os homens aumentaram seu trabalho não remunerado em 22 minutos, para duas horas e 25 minutos por dia. O fardo das mulheres foi reduzido em 20 minutos por dia - agora realizam por três horas e 32 minutos, o que significa que elas ainda estão fazendo uma hora e sete minutos a mais do que os homens. Antes do confinamento, a diferença no trabalho não remunerado entre homens e mulheres era de uma hora e 50 minutos.