Autêntica, irreverente e cheia de personalidade, Rita Lee é considerada ícone de estilo por várias gerações. A cantora, que morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, usava o visual para dar sequência às mensagens que entoava nos palcos, na análise da consultora de moda Costanza Pascolato, em entrevista à Marie Claire.
Transgressora, a artista ostentou, por muitos anos, um cabelo vermelho vibrante – o qual se permitiu deixar embranquecer depois dos 60. As roupas coloridas, os volumes, texturas, elementos de brilho, acessórios múltiplos no pescoço, nos braços, na cabeça e, claro, os óculos escuros, sempre pontuaram com precisão a identidade fashion que segurava.
— Só uma pessoa inteligente sabe caminhar pelo tempo de um jeito tão brilhante como ela. A moda sempre foi algo que Rita usou a seu favor, mas o importante era como ela interpretava aquelas canções com efeito de linguagem para atingir os outros — comenta Costanza à revista.
Não à toa, Rita inspira, desde os anos 1960, criativos dos mais variados segmentos – das passarelas ao Carnaval. A estética de ares psicodélicos passeia do hippie ao glam, em um mix de informações visuais à altura de Mick Jagger e David Bowie, suas principais influências.
Elementos de estilo
Botas prateadas, macacão drapeado, vestido de noiva e até roupa de presidiária fizeram parte do caldeirão de opções das quais a artista lançava mão na hora de montar um figurino. Suas produções para shows e até para as fotos que estampavam as capas de seus discos eram autorais.
Alguns colegas de estrada, como os músicos da banda Os Mutantes, da qual foi vocalista no final dos anos 1960, também contavam com seu olhar visionário para escolher os looks.
— Ela me ensinou que o palco é um lugar sagrado. Não dá para chegar com a mesma roupa que você usa no dia a dia. Ela sabe montar um visual como ninguém — afirmou seu filho Beto Lee, também músico, em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 2000.
Digna de exposição
Rita Lee se destacava tanto na produção de seus figurinos, que, em setembro de 2021, eles ganharam espaço especial no Museu da Imagem e do Som de São Paulo.
Por lá, foi possível conferir looks icônicos da cantora, como o inesquecível vestido transparente com aplicações de estrelas prateadas e o polêmico manto que remete a Nossa Senhora Aparecida.