O termo sapiossexual é um dos assuntos mais comentados das redes sociais nesta sexta-feira (13). Isso por conta de uma declaração da jogadora de vôlei e influenciadora Key Alves, que foi confirmada no elenco do Big Brother Brasil 23 nesta quinta. A atleta disse se identificar com a definição e explicou:
— Se o cara é muito inteligente, estilo nerd mesmo, meu olhinho fica brilhando, apaixonada. Mas é difícil achar homem assim, viu! E tem que ser mais velho também, tipo 20 anos a mais que eu.
Em novembro, a apresentadora Bela Gil também afirmou que se identifica com o termo em entrevista ao videocast Mil e Uma Tretas, das atrizes Thaila Ayala e Julia Faria. Na conversa, a filha de Gilberto Gil explicou:
— Minha autoestima e esse senso de beleza estão muito relacionados ao intelecto. Eu sou sapiossexual, eu me atraio por pessoas inteligentes, não necessariamente bonitas. Então, eu não acho que eu tenho que ser hiper, ultra, megabonita. Então, assim... Para que eu vou botar silicone, entendeu? Deixa eu ler um livro, porque vai funcionar muito mais — disse Bela.
O que é sapiossexual?
Como esclarece a psicóloga e terapeuta de casais Tatiana Spalding Perez, as pessoas que se entendem como sapiossexuais são aquelas que, para sentirem atração sexual por alguém, precisam, necessariamente, admirar o intelecto do outro.
— Precisa ter uma conversa legal em nível de sabedoria (para que haja atração). "Sapio" vem de sapiência, que traz a questão da sabedoria, da inteligência. O sapiossexual precisa de uma conexão de sabedoria, precisa achar que a outra pessoa é inteligente, que tem algo a agregar intelectualmente. A atração sexual vem dessa admiração.
Recentemente, o termo demissexualidade também foi amplamente discutido após a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank afirmar ser demissexual no podcast Quem Pode, Pod, que comanda ao lado de Fernanda Paes Leme. Na conversa, relatou que, durante a vida, só teve relações sexuais com quatro pessoas antes do marido (o ator Bruno Gagliasso, com quem é casada há 12 anos) e explicou que só consegue fazer sexo com quem tem algum tipo de envolvimento emocional. Algum tempo depois, a cantora Iza também disse se identificar dessa forma.
Tatiana afirma que tanto demissexualidade como sapiossexualidade não estão no mesmo âmbito que as orientações sexuais.
— Orientação fala de qual gênero nos atrai. Hétero, homo, bi, pansexual: essas classificações são voltadas para a questão de gênero. É sobre um gênero em relação a outro. Já essas outras questões, como demi e sapiossexual, trazem um olhar de atração. É sobre o que me atrai em termos mais subjetivos, e não só por uma questão de identidade de gênero — compara.
Para que tantos termos?
Esses termos vêm surgindo cada vez mais para auxiliar na identificação das pessoas, defende a psicóloga.
— Alguns não entendem, muitas vezes, por que se sentem atraídos por algumas pessoas e por outras, não. Posso me identificar como uma mulher heterossexual e perceber que não me sinto atraída por qualquer homem, mas só por aqueles que intelectualmente se destacam. Aí, quando vejo o termo sapiossexual, penso: "Isso faz sentido para mim". As nomenclaturas existem para que as pessoas possam entender que aquilo que elas sentem não é algo exclusivo. Que elas não são loucas, diferentes — afirma.
Em outras palavras, a existência de nomenclaturas é importante, avalia a especialista, porque traz o "alívio" de não se sentir sozinho.
— Algumas pessoas falam: "Ah, é muita invenção, é muito 'mimimi'". Se ajuda na saúde mental, por que não fazer? Dar nomes não prejudica ninguém. E, ao mesmo tempo, ajuda muita gente. Então, por que não? Inclusive, quando criamos diferentes nomes, ampliamos o debate. As pessoas ficam curiosas, querem entender. Essa própria troca que estamos tendo agora só existe porque um nome diferente surgiu na mídia e as pessoas querem entender o que significa. Nomear as relações e nomear o que a gente sente ajuda a dar visibilidade — conclui.