O produtor de cinema Harvey Weinstein, preso por estupro e abuso sexual, entrou nesta segunda-feira (5) com um recurso há muito aguardado contra suas condenações, dando início a um esforço para anular sua sentença de 23 anos de prisão.
Os advogados de Weinstein, declarado culpado no ano passado, em uma sentença histórica para o movimento #MeToo, afirmam em documento apresentado à Justiça de Nova York que o produtor "não teve um julgamento justo". Eles argumentam que não deveria ter sido permitido que várias mulheres que acusaram Weinstein de abuso sexual, mas cujas alegações não foram incluídas nas acusações, prestassem depoimento como testemunhas de ações anteriores.
"O sistema de Justiça criminal americano foi projetado para condenar os réus com base em sua conduta, não em seu caráter geral", escreveram os advogados.
Também alegaram que a imparcialidade do júri foi comprometida por uma integrante que havia escrito um livro sobre homens mais velhos que se aproveitam de mulheres mais jovens. A defesa de Weinstein tentou fazer com que ela fosse dispensada antes do julgamento.
Entenda o caso
Weinstein, 69 anos, foi condenado por ato sexual criminoso em primeiro grau e por estupro em terceiro grau, em fevereiro de 2020. Porém, foi absolvido das acusações de agressão sexual predatória.
Quase 90 mulheres, incluindo as atrizes Angelina Jolie e Salma Hayek, fizeram denúncias de conduta sexual inapropriada contra Weinstein, vencedor do Oscar por vários filmes de sucesso, como Shakespeare Apaixonado.
O processo focou, porém, em acusações relativas a apenas duas mulheres. O produtor de Hollywood foi condenado por estuprar a ex-atriz Jessica Mann em 2013 e por praticar sexo oral à força na ex-assistente de produção Mimi Haleyi em 2006.
Na apelação, os advogados de Weinstein também acusaram o juiz James Burke, com quem entraram em confronto diversas vezes durante o julgamento, de sete semanas, de proferir uma sentença "indevidamente dura e excessiva".
Weinstein está detido em uma prisão de segurança máxima no estado de Nova York. Ele também aguarda julgamento em Los Angeles, sob a acusação de estupro e abuso sexual envolvendo cinco mulheres.