O ator Raul Gazolla relembrou a morte da atriz Daniella Perez, com quem era casado na época, em entrevista ao programa A Noite É Nossa, da Record, que vai ao ar na noite desta quarta-feira (3). Daniella, filha da escritora Gloria Perez, foi assassinada por um colega de elenco da novela De Corpo e Alma, da TV Globo, em dezembro de 1992.
Na entrevista, Raul recordou o dia em que soube do assassinato.
— Eu me lembro que estava no velório e que não tinha forças para nada. Eu estava há 24 horas sem comer nem dormir. Eu nem sabia como ela tinha sido assassinada porque não me deixavam ver televisão. Quando soube, fiquei doido — contou ele.
Em seguida, relatou que chegou a receber uma oferta para "se vingar" do assassinato.
— Um conhecido me chamou e falou: "Gazolla, a gente vai dar 'cabo' do cara". Eu falei: "Não, eu não quero! Ele precisa viver porque tem muita coisa para contar". E ele está aí, graças a Glória e a mim, porque a gente não quer fazer a mesma coisa que ele fez. Se não tem a justiça do homem, tem a divina — disse.
Por fim, no programa, o ator se emocionou com uma mensagem de Gloria Perez, sua ex-sogra. O artista contou que a escritora só se sentiu pronta para escrever um papel para ele em 2001, quase 10 anos após a perda da filha.
— Ela me ligou e falou: "Raul, eu já posso trabalhar com você". Temos uma grande amizade, e eu tenho um carinho absurdo pela Glória. Tanto que minha filha mais nova a chama de avó. Sou amigo e fã incondicional do trabalho dela — relatou.
O crime
O assassinato da atriz, que foi estrangulada e teve o corpo desfigurado por 18 golpes de tesoura aos 22 anos, chocou o Brasil. Guilherme de Pádua e a então esposa Paula Thomaz foram condenados por homicídio qualificado depois de cinco anos do crime. O casal deveria cumprir a pena de 19 anos de prisão - que foi reduzida para seis e extinta antes do previsto. Em 2006, em entrevista à Folha de S.Paulo, Guilherme disse que, mesmo livre há sete anos, se sentia preso.
— Continuo preso. Fui uma espécie de exemplo de justiça superexposto pela mídia, em um país repleto de impunidade. A verdade é que fiz bobagens, mas sou inofensivo, e por isso as pessoas não têm medo de me agredir na rua. Já chegaram a me cuspir no rosto, em um shopping — disse.
Em 2017, Pádua se tornou pastor de uma igreja evangélica em Belo Horizonte. O ex-ator se converteu à religião na época em que saiu da prisão.