Nesta terça-feira (19), a atriz, empresária e ex-modelo Luiza Brunet conversou com a colunista Carolina Bahia sobre o seu ativismo no combate à violência doméstica e o crescente número de feminicídios durante o período de distanciamento social que ocorre por conta da pandemia de coronavírus.
Durante o bate-papo, transmitido ao vivo no canal do Youtube da GaúchaZH, as duas levantaram tópicos importantes sobre o assunto. Ao mencionar que as denúncias de violência contra a mulher cresceram 35% neste período, Luiza destacou que esse número é pouco, se considerar a subnotificação dos casos. Em seguida, explicou a evolução das agressões.
— Começa pela violência psicológica, que deixa a mulher totalmente abalada emocionalmente. Depois vem a moral, a patrimonial, a sexual, a física e, por último, o feminicídio.
A empresária afirmou acreditar que a melhor forma de combater este tipo de violência, diferente por ser uma questão cultural, é pela educação.
Em briga de marido e mulher se mete a colher, sim.
LUIZA BRUNET
— É uma questão comportamental, mas educacional principalmente. A gente precisa fazer movimentos, começando nas escolas, para essa compreensão — disse ela.
Luiza destacou alguns sinais de um relacionamento abusivo, como proibir de falar ao telefone, o uso de certas roupas e o contato com as amigas, e afirmou que tudo pode levar à violência física. Também ressaltou a importância de denunciar as agressões, principalmente em função da medida protetiva, que afasta o agressor da vítima por lei.
Sobre o silêncio de muitas mulheres frente à violência, a empresária listou como fatores a dependência emocional e financeira, além de desestimulação da família. Como exemplo, citou a apresentadora Hebe, que só relatou a agressão que sofreu pouco antes de morrer.
— As mulheres têm medo e vergonha muito grandes. Temos que fazer programas como esses para dizer que elas não estão sozinhas — salientou. — Em briga de marido e mulher se mete a colher, sim.
Luiza, que em 2016 denunciou o caso de agressão que sofreu do ex-companheiro Lírio Parisotto, afirma usar a própria história como uma arma para levantar a bandeira da causa.
— Eu não queria ser mais uma estatística. Na época em que eu fiz minha denúncia, se deu um espaço muito grande na mídia para falar sobre o assunto, romper esse silêncio e não ter vergonha. Passei a usar minha própria história para sensibilizar mulheres.
Passei a usar minha própria história para sensibilizar mulheres.
LUIZA BRUNET
A empresária, que também relatou ter vindo de um lar violento e ter sofrido abuso sexual na adolescência, disse ter sofrido preconceito ao decidir denunciar o que aconteceu com ela.
— No meu caso, o que me impulsionou a ser quem sou hoje foram exatamente essas críticas vindas tanto do meu agressor quanto de amigas, colegas machistas. Sei exatamente como uma mulher se sente quando é desqualificada, julgada.
Por viajar o mundo para falar sobre o assunto, Luiza disse ter observado que o comportamento do homem agressor é o mesmo em qualquer lugar, e criticou as leis do nosso país.
— Acho que as leis no Brasil são brandas demais para o agressor, deveriam ser mais pesadas.
No final da conversa, elogiou as mulheres do Estado e deixou um recado.
— Espero que a gaúchas, que são as mulheres mais bonitas do planeta, se encorajem e saiam de relacionamentos abusivos rapidamente.
Confira o bate-papo na íntegra: