A apresentadora Giovanna Ewbank e o ator Bruno Gagliassao estrelam a edição de fevereiro da revista GQ Brasil. Na entrevista à publicação, Giovanna, que está grávida pela primeira vez, fala sobre a diferença entre as conversas que provavelmente vão existir entre os pequenos - ela e Bruno já são pais de Titi, de seis anos, e Bless, cinco, que foram adotados no Malawi.
– Esse filho já nasce privilegiado. As conversas que a gente vai ter com ele não vão ser as mesmas que vamos ter com nossos filhos negros. Isso é uma coisa que me deixa muito mal. Fico preocupada com eles. Por que, com um filho que é branco, a gente não vai precisar ter conversas tão duras como as que a gente vai ter com nossos filhos negros? Por quê? – questiona.
A apresentadora ainda comentou o fato de algumas pessoas estarem comparando a gravidez com uma "recompensa" por o casal ter adotado outras crianças anteriormente.
– Disseram que não podia ter filho, que era estéril. A culpa sempre vinha para cima de mim. Por que a mulher não pode optar por não ter filhos biológicos? Qual o problema? E, por acaso, fiquei grávida. Foi um susto. Simplesmente aconteceu. Agora a gente tem ouvido bastante e se incomodado muito com a ideia de que esse bebê é uma recompensa. Que recompensa? Adotar não é uma caridade, e as pessoas confundem muito. E isso fere, machuca – desabafa.
Sobre ser tão ativa na discussão racial, Giovanna explica que acordou para a questão quando adotou a filha.
– Não tenho vergonha de dizer que por um tempo vivi numa bolha. Minha filha me tirou dela. Foi ela que abriu meus olhos para o mundo. Foi com ela que comecei a me preocupar com certas coisas que não prestava atenção antes. E sigo aprendendo com eles – afirma.
Ainda sobre o assunto, a apresentadora diz que esse novo olhar sobre o mundo fez com que ela mudasse diversas atitudes em seu cotidiano, inclusive a escola onde os filhos estudam.
– A gente cruza a cidade porque é a escola em que nossas crianças podem se ver. Cheguei a colocar a Titi numa escola aqui perto, mas quando eu vi que tinha só ela e mais um menino negro, isso começou a me ferir demais. E era uma coisa que nunca tinha passado pela minha cabeça – lembra.