Reconhecido pelos cortes impecáveis, Rui Spohr definia seu trabalho como a "sofisticada originalidade do simples". Para ele, a frase "less is more" (menos é mais, em tradução literal) era sinônimo de bom senso e sensibilidade.
– Hoje em dia, ninguém mais tem corte. Colocam enfeite por cima, para disfarçar – disse ele, em entrevista concedida à Revista Donna, em 2013.
Essa característica lhe rendeu o reconhecimento de suas fiéis clientes da sociedade gaúcha que, ao vestirem, confiantes, os trajes desenhados pelo estilista, disparavam: “Ah, Rui é Rui, né”. Aliado ao corte, Rui ostentava um acabamento perfeito e caimento adequado para os mais diferentes perfis de mulheres.
Idealizador do estilo à frente das tendências, Rui foi pioneiro ao deixar o Brasil para estudar design de moda em Paris, em 1952, com apenas 22 anos. Acompanhou de perto, da Cidade Luz, os primeiros passos de nomes como Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld, morto em fevereiro deste ano.
Com essa bagagem, o estilista não titubeava em definir a moda como um espelho da situação econômica e social de uma sociedade. Defendia que era uma ferramenta de aceitação e valorização pessoal e disse que a partir do momento em que nos aceitamos, procuramos um estilo que nos dá personalidade e adjetivos.
Apaixonado por vestidos de festa, Rui costumava dizer que, logo que uma mulher se sentava na cadeira à sua frente, podia imaginar o que lhe cairia bem.
– Elas chegam às vezes com fotos e vídeos (com ideias e inspirações). Muitas não entendem que (fazer simplesmente uma versão) é uma cópia, e malfeita – criticou, em entrevista publicada em 2017, na Revista Donna.
Entre os muitos vestidos feitos por ele, ao longo de todos estes anos, destacam-se os de casamento de Deise Nunes, Miss Brasil em 1986, e Ieda Maria Vargas, Miss Universo de 1963.
Seu legado de mais de 60 anos de atuação na moda do Estado é preservada através do Instituto Rui Spohr, que resguarda um acervo com mais de 200 vestidos e 250 chapéus, além de mais de 2,5 mil croquis e em torno de mil fotografias.