2019 é o ano em que a diversidade deu o tom da cerimônia do Oscar. Entre os pontos a se comemorar, está o vencedor da categoria Melhor Documentário Curta-Metragem: a produção original Netflix Absorvendo o Tabu (em inglês, Period. End of Sentence.). O gostinho especial dessa vitória é porque o documentário de 26 minutos, disponível no canal de streaming, fala sobre um assunto que ainda é tabu em muito lugar: a menstruação.
Dirigido por Rayka Zehtabchi, cineasta americana descendente de iranianos, o documentário mostra a realidade de uma pequena vila rural em Delhi, na Índia. Por lá, muitas mulheres ainda não sabem o que é a menstruação e a consideram algo pecaminoso.
A surpresa da diretora do curta foi um dos momentos da noite: "Eu não acredito que um filme sobre menstruação ganhou um Oscar!", ela comentou, ao receber a estatueta. Entre as lágrimas, a diretora ainda aproveitou para cutucar comentários machistas recorrentes que associam qualquer emoção feminina à menstruação: "Eu estou chorando e não é por TPM", disse a diretora, que recebeu o prêmio ao lado da produtora Melissa Bertone. O filme estava concorrendo com produções que abordavam temas como nazismo, refugiados e racismo. E Rayka era a única mulher concorrendo na categoria.
No discurso, elas lembraram que, para algumas meninas, o período menstrual é motivo para tirar as meninas da escola - e, com isso, alimentar um ciclo vicioso de pobreza e desinformação. No documentário, a produção mostra um grupo de mulheres empreendedoras que produzem absorventes de baixo custo em uma nova máquina - e como essa máquina levou uma revolução para a vida das mulheres locais.