Uma coincidência de datas resultou em todo o conceito deste projeto, em um apartamento de 60 metros quadrados no bairro Rio Branco. Ao debruçar-se sobre layout, formas e revestimentos a serem trabalhados, a arquiteta Laura Florence havia acabado de concluir o mestrado em design de interiores em Milão, na Itália.
– Eu estava totalmente envolvida com este estilo de arquitetura mais simplificado. Durante o tempo em que vivi na Europa, trabalhei em um escritório que transformava galpões em apartamentos. Esta é uma referência também muito forte neste trabalho – explica a arquiteta.
O imóvel antigo, embora com peças de boas dimensões, era compartimentado e com móveis e revestimentos que denunciavam ser a morada de um senhora com idade mais avaçada. Hoje endereço de uma jovem que mora sozinha, o apartamento também "remoçou". Uma das primeiras escolhas contemporâneas foi, como manda a cartilha atual, a integração da sala com a cozinha. Porém, com um toque pessoal:
– É comum as pessoas utilizarem o máximo do vão para bancada e deixarem o acesso com a largura de uma porta tradicional. Neste caso, o mármore piguês é uma moldura para o sofá e a área circulação é quase o dobro do normal. Ganha-se muito em amplitude visual – detalha Laura.
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Para a cozinha, a arquiteta também selecionou o basalto para a bancada da pia, em sintonia com o cinza da viga estrutural com reboco descascado. No mobiliário, a melamina preta ganhou o fundo da textura que imita cimento, aplicada na parede.
Na sala, a proposta de peças pontuais com funções definidas e sem excessos foi mantida. Um sofá com capa de sarja, dois pufes com suporte de mesinhas e um rack de TV embutido na parede – uma exceção de brilho, com a laca – compõem o recanto. Mesma linguagem minimalista do jantar, onde até mesmo o pendente sobre a mesa foi dispensado.
O branco total toma conta da área íntima. No banheiro, as cerâmicas que imitam tijolos ingleses revestem a parte interna do box, que ganhou uma bossa descolada com a cortina de estampa impactante. Apenas o piso, em porcelanato que simula o visual cimentício, rouba a predominância do branco, tom também presente na laca dos armários baixos e no mármore da bancada.
Integrante da suíte, o dormitório também é claro e despojado, com um criado-mudo formado por uma pilha de livros coloridos.
Poucos e bons
Material vinílico reveste todo o piso da sala, com amplitude garantida por peças selecionadas com esmero. No jantar (acima), a mesa de melamina preta é complementada pelas cadeiras de madeira preta e natural – chamada Osso –, com a cor impressa pelo quadro de André Venzon e a costela-de-adão
Circulação valorizada
Além de manter grandes vãos sem móveis, a abertura na cozinha americana também é maior do que a de uma porta tradicional, criando um volume arquitetônico diferenciado, com a bancada de mármore piguês e a viga de concreto
Branco total
No quarto, ao mexer no reboco durante a obra, a arquiteta pensou em criar um novo ponto de atração, mantendo a parede com esta textura com nova pintura alva.
No banheiro (abaixo), o tom foi eleito para todos os revestimentos e mobiliário, ganhando contraste apenas com a cortina do box com maxiflores rosa com laranja