Martha Medeiros
Conheci José Falero através de seu livro Os Supridores. Até então, nada sabia dele. Devorei o romance. Não era a primeira vez que lia uma história passada na periferia, mas dessa vez me senti levada pela mão até o miolo da vila, o epicentro da pobreza, o cenário real onde uma população de homens e mulheres trabalha em troca de uma miséria, sem perspectiva de futuro. Criminalidade? Temos, mas não apresentada como defeito de caráter, e sim como consequência de um estado de coisas, que ele descreve com originalidade, humor e algumas vísceras. Logo no início, ali pela página 50, uma conversa entre os personagens Pedro e Marques funciona como uma aula sobre os diferentes sistemas socioeconômicos, narrada de um jeito que uma criança de sete anos consegue entender. Humm, livro chato, então. Poderia ser, não fosse diabolicamente empolgante, inteligente e bem escrito, levando-se em conta que não existe apenas um modo de escrever e de falar.
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