Desde que a pandemia começou e o uso de máscaras se tornou necessário, a região dos olhos vem ganhando mais foco. A busca por procedimentos estéticos no local aumentou consideravelmente, e um dos incômodos mais comuns diz respeito à flacidez e ao excesso de pele nas pálpebras.
Na hora de se maquiar, você já teve dificuldade ao passar o lápis de olho em razão da pele em excesso na região? Se a resposta for sim, saiba que há uma cirurgia para tratar essa questão. A chamada blefaroplastia pode estar associada ainda à retirada das bolsas de gordura e também ao reposicionamento das sobrancelhas, que ficam caídas com o tempo.
Como funciona?
As particularidades da cirurgia vão depender das necessidades de cada paciente. A blefaroplastia pode ser realizada na pálpebra superior, na inferior ou nas duas, de forma combinada. Na inferior, o corte pode ser tanto externo, acompanhando a linha dos cílios, quanto interno, quando só se retira o excesso de gordura. Já a cicatriz da superior fica na dobra acima do olho. Em alguns casos, pode ser feita apenas com anestesia local.
Um cuidado importante ressaltado pelo cirurgião plástico Fernando Amato é que, além da cirurgia, talvez seja necessária ainda uma fixação, feita em um procedimento chamado de cantopexia, em pacientes que apresentam flacidez na pálpebra. Isso porque, ao ser retirada a pele da região, é possível que a esclera (a parte branca do olho) fique muito exposta.
Após o procedimento, a paciente pode ficar com o olho inchado e roxo por até três semanas. Os pontos são retirados, geralmente, a partir de quatro dias depois da operação.
Quando é indicada?
A cirurgia pode ser indicada de forma reparadora para quem tem excesso de pele acometendo o campo visual. Nesses casos, a maioria dos pacientes têm mais de 60 anos. Mas ainda há quem precise fazer o procedimento em razão de histórico familiar.
E também pode ser indicada por questões estéticas:
— É uma cirurgia que rejuvenesce — pontua o médico.
Que profissional pode fazer?
No Brasil, é uma operação tradicionalmente realizada por cirurgiões plásticos, mas oftalmologistas que fazem especialização em plástica ocular também podem fazer a blefaroplastia.
Que cuidados devo ter?
O cirurgião ressalta ainda alguns cuidados sobre avaliação incorreta do paciente. Por exemplo, pessoas com a condição de ptose palpebral – que sofre a influência do músculo levantador da pálpebra – podem ter doenças sistêmicas associadas que precisam ser investigadas à parte. Nesse caso, a cirurgia não é somente a blefaroplastia, pois é preciso fazer a correção e o reposicionamento deste músculo.
Pacientes com apenas uma pálpebra caída podem ter uma fraqueza na musculatura, além do excesso de pele. O mesmo acontece com pessoas que apresentam rugas frontais exacerbadas na testa, já que podem estar forçando a sobrancelha para conseguir levantar a pálpebra e vão precisar de um reposicionamento da sobrancelha, e não somente a retirada de pele.
Versão “sem cortes”
Se você já pesquisou sobre tratamentos para reduzir o problema nas pálpebras, provavelmente encontrou a promessa da “blefaroplastia sem corte”. Mas a blefaroplastia é cirúrgica, diz a dermatologista Taciana Dal’Forno Dini, diretora da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD):
— O procedimento retrai a flacidez e não deixa cicatriz. Normalmente, nas redes, mostram a aplicação de plasma como (se fosse) “blefaroplastia sem corte”. Não considero o termo adequado.
Geralmente, é necessária mais de uma sessão para o procedimento, que necessita somente de anestesia tópica. Após a técnica, a pele fica com edema, eritema e crostas por cinco a 10 dias, dependendo da intensidade do tratamento.
Como trata-se de um procedimento invasivo, pode causar infecções, manchas e cicatrizes. Por isso, é importante que seja feito por médicos especialistas, principalmente dermatologistas ou cirurgiões plásticos.
Outros tratamentos
Para a médica, na maioria das vezes, as reclamações estéticas sobre a região podem ser resolvidas com tratamentos que propiciam a elevação das pálpebras superiores e a retração da pele flácida. O botox, por exemplo, promove a elevação das sobrancelhas com sucessivas aplicações, explica:
— Pacientes que fazem uso da toxina botulínica há anos, principalmente na região entre as sobrancelhas, acabam retardando a necessidade de blefaroplastia.
A elevação da sobrancelha produz um estiramento na pálpebra superior, aliviando a flacidez.
Lasers fracionados ablativos e não ablativos também melhoram o aspecto das pálpebras. Tratamentos recentes têm proporcionado o mesmo efeito, como a radiofrequência microagulhada e a injúria termomecânica fracionada.