Rolou por um tempo no meio gastronômico uma história de melhor restaurante do mundo. Listas e rankings, premiações e mais premiações tomaram conta da pauta gastronômica por um bom tempo. Não se falava em outra coisa, não se pensava em outra coisa.
Mas eu me lembro que a gente vivia muito bem antes disso, sem ter que se preocupar sobre quem era o melhor, antes de decidir onde iríamos jantar. Porque se você pensar bem, o que vem a ser um critério tão abrangente, capaz de definir, o que toda população do planeta considera ser: o melhor?
Eu gosto de sagu, você gosta de ovos moles, ela gosta de torta Marta Rocha e ele, de chocolate. E assim vamos vivendo muito bem, ora comendo o que mais gostamos, ora experimentando coisas novas. Ora voltando para o aconchego do nosso inconsciente, e optando por aquilo que nos conecta ao que realmente somos, e, portanto, aquilo que efetivamente mais gostamos.
Se eu tiver que escolher, sem pensar demais, qual é o melhor restaurante do meu mundo, eu digo que é a Famiglia Gelain, em Caxias do Sul, sem pestanejar.
Todas as vezes que estive por lá, fui o mais feliz que se pode esperar ser, quando se decide comer fora de casa.
A ideia do cardápio é genial, tudo que a gente gosta está ali e vai aparecendo na nossa frente como em um passe de mágica! É o ritual mais inteligente que conheço e que nunca sai de moda porque além de te trazer felicidade em doses altíssimas, traz a liberdade junto. Cada um come o que quiser, do jeito que quiser.
Mas cada coisa chega no seu tempo. E quem determina esse tempo? A comida, claro. O tempo que o bife à milanesa demora para ser preparado e chegar na mesa crocante e dourado. O tempo que o tortéi leva para ser cozido al dente e se encontrar com o molho caseiro. O tempo que o bacon, que escolta o radicci, leva para ficar delicioso. O tempo que a polenta leva para criar aquela casquinha crocante por fora, e o creminho, ficar quentinho por dentro! Ali não há concessões para nada além da mesa festiva, fraterna e amigável.
Aí você se pergunta: mas isso aí não é o tal critério capaz definir o melhor? Do meu mundo, sim!