Especializada em Direito do Consumidor, Fernanda Guimarães também tem formação em confeitaria, na Le Cordon Bleu de Paris. Em paralelo à área jurídica, está à frente do Chef’s Table, projeto que promove experiências gastronômicas. Até o dia 13 de setembro, os jantares ocorrem no Instituto Ling, na Capital. Informações em chefstable.com.br.
Como você foi parar na área de eventos gastronômicos?
Minha atuação no Direito do Consumidor acabou me colocando em um relacionamento direto com empresas
prestadoras de serviço, incluindo restaurantes e redes de supermercados – em especial, o Grupo Zaffari. Assim, essa mistura entre as áreas começou a fazer parte da minha vida. Comecei com eventos pequenos, feitos na minha casa. Com o passar do tempo, fomos expandindo a ideia, realizando encontros de chefs com temáticas e insumos diferentes, fortalecendo minha vontade e minha paixão por pensar e falar sobre comida.
Qual a proposta do Chef’s Table?
O Chef’s Table surgiu em 2014, quando minha casa já não portava nossas reuniões, que tinha cada vez mais pessoas envolvidas. Seguíamos querendo fazer mais. Temos como foco apresentar uma gastronomia diferente em Porto Alegre, trazer pessoas de fora para conhecer a riqueza dos insumos, e fornecedores locais sem tantas amarras comerciais, prezando sempre pelos melhores produtos.
A temática do evento mudou em relação às edições anteriores?
Nosso objetivo não é apenas servir comida, mas falar sobre ela. Cada ano apresentamos temáticas diferentes, informamos ao público sobre o que acreditamos e o que acompanhamos do mundo de uma forma sutil e espontânea. Queremos que o público que participa de nossos jantares se envolva da maneira que se sentir mais confortável. Não queremos oferecer respostas prontas, mas apresentar questionamentos para que cada um reflita
e chegue as suas próprias conclusões.
Por que você optou por levantar o questionamento da sustentabilidade nesta edição do evento?
Neste ano, o foco principal do evento é: “Como será a nossa comida no futuro?”. É com esse gancho que a sustentabilidade se apresenta. Tendo em vista a escassez de recursos cada vez mais evidente, tornar a alimentação algo mais sustentável é inevitável, o caminho certo para o nosso futuro. Ao mesmo tempo, buscamos soluções que sejam, de fato, viáveis, sem radicalismos ou utopias.
Como você enxerga o cenário gastronômico gaúcho a curto prazo?
Acredito que esteja muito bem. Com grandes nomes formando uma nova geração de cozinheiros. Temos muito
orgulho do trabalho pioneiro realizado pelo Chef’s Table aqui no Estado, trazendo chefs renomados e incentivando profissionais locais a trocar experiências, observar processos e aprender. É uma oportunidade que temos de apresentar nossa rica gastronomia local para o público que vem de fora.
O Chef’s Table deste ano está sendo realizado no Instituto Ling, um dos lugares mais artísticos da Capital. Você acredita que gastronomia e cultura estão associadas?
Acreditamos que comida é cultura. Com comida, conseguimos falar sobre o clima do local onde vivemos, as tradições, as histórias e as influências. E a arte tem um envolvimento direto, se fazendo presente através da escolha das louças, das cores, dos sabores. Todos esses pontos acabam transmitindo a personalidade de um chef, assim como obras de arte traduzem a expressão dos artistas.