Não acredito em prêmios. Eu sei, o tema é bem polêmico, mas não consigo levar a sério nada que queira ser tão definitivo em afirmar que esse ou aquele é o melhor lugar, o melhor vinho, a melhor cerveja. Talvez por já ter sido convidado para ser jurado de alguns, não acredite tanto na consistência deles.
Semana passada saiu o Guia Michelin, uma das publicações que respeito muito pela sua história e tradição. Fico feliz por ver vários restaurantes ótimos na lista, mas incomodado de ver que nem sempre retratam os lugares onde a gente de fato mais gosta de comer.
Fiz uma lista mental de alguns dos meus restaurantes preferidos e vi que pouco importa se eles são lembrados por esse ou aquele prêmio. Lugares como o Valle Rústico, em Garibaldi, o Lilu, em São Paulo, o Pâtisser, em Porto Alegre, e o Glouton, em Belo Horizonte, são os que eu mais gosto de comer. As experiências que eu lembro de cada detalhe. E isso não quer dizer que eles são necessariamente os melhores, mas, sim, os que mais importam para mim.
Uma das minhas birras com os prêmios é o efeito que eles acabam tendo em alguns chefs e donos de restaurantes. Especialmente naqueles que acreditam que são os melhores, que mergulham no próprio ego e esquecem de fazer o que realmente importa: oferecer experiências gastronômicas memoráveis para as pessoas. Alguns deles ficam tão obcecados com prêmios que se comportam mais como políticos do que como donos de restaurantes.
Os prêmios também têm um lado muito bom porque colocam o assunto gastronomia na roda de conversa de muita gente. E também porque acabam movimentando os salões de vários lugares. Quando me perguntam por que a gente não tem um prêmio do Destemperados. Minha resposta é sempre a mesma. Porque acredito que ninguém é capaz de avaliar o trabalho dos outros de forma definitiva, pois envolve muitos fatores como a expectativa que se tem sobre o lugar, o momento em que se foi visitar e o background de cada pessoa.
No fim das contas, a opinião que importa mesmo é sempre a sua.