A HISTÓRIA
A bebida tradicional dos gaúchos foi descoberta antes mesmo de o Brasil ser colonizado pelos europeus. Foram os índios Guarani que tiveram contato com a erva-mate pela primeira vez e testaram a infusão com água quente, que, hoje, chamamos de chimarrão.
Com origem na região sul da América Latina, a erva-mate apresenta mais de 600 estilos. Apesar de não ter a Ilex Paraguarienses de forma nativa, a Argentina é o maior produtor mundial da planta. No Brasil, o Paraná é o primeiro Estado entre os principais produtores, seguido de Santa Catarina e Rio Grande do Sul – sendo Ilópolis, Arvorezinha e Venâncio Aires os principais polos gaúchos.
– Quando falamos em consumo, a ordem se inverte. Mundialmente, o Uruguai é o maior país consumidor, mas 85% da erva-mate utilizada por eles é brasileira. O Rio Grande do Sul é disparado o Estado que mais consome, depois vem Santa Catarina e Paraná – explica Pedro Schwengber, diretor-executivo do Instituto Escolado Chimarrão.
OS BENEFÍCIOS
A erva encontrada no Brasil é colhida, desidratada e, mais tarde, moída, empacotada e enviada para o mercado em um processo que pode durar de 48 a 72 horas. Ou seja, chega ao consumidor local praticamente fresca, o que garante uma maior manutenção do sabor e das propriedades benéficas para a saúde. A erva-mate possui mais de 190 princípios ativos que fazem bem à saúde, além de ser considerada a planta mais completa em nutrientes do mundo.
– A erva tem praticamente todas as vitaminas, sais minerais e antioxidantes necessários ao nosso organismo. Os flavonoides são duas vezes mais potentes que os encontrados no vinho, por exemplo – conta Schwengber.
Além de prevenir doenças cardiovasculares, a erva-mate é rica em vitaminas A, B1, B2, C e E e conta com ferro, fósforo, cálcio, potássio e manganês em sua composição, ajudando no combate à osteoporose e na recomposição óssea. É anticoagulante, reduz o colesterol ruim e auxilia no combate ao câncer.
– Pela Anvisa, a erva-mate é considerada um alimento. Mas, não se surpreendam se ela for chamada de fitoterápico, são inúmeros os benefícios para o nosso organismo. Em 1964, os franceses chegaram a denominar a planta como árvore da vida – alerta Schwengber.
O HÁBITO DOS GAÚCHOS
Conhecidos mundo afora pela hospitalidade e pelo hábito da roda de chimarrão, os gaúchos herdaram dos índios Guarani, há mais de 500 anos, os rituais de compartilhar o mate.
– Os índios eram um povo alegre e hospitaleiro, que mantinha o costume de fazer seus rituais em roda. Passaram esses hábitos para o homem branco, constituindo-se um costume do gaúcho – explica Liliane Pappen, presidente do Instituto Escola do Chimarrão.
Para Liliane, a roda de chimarrão cumpre o papel de reunir amigos e provoca trocas entre gerações:
– Nós, gaúchos, somos um dos únicos povos que reserva um tempo para matear, conversar e compartilhar momentos. Mas, mais do que isso, eu vejo na roda de chimarrão um momento de troca entre pessoas de diferentes idades. Na roda, todos são iguais, não importa cor, condição social ou sexo. As pessoas são tratadas da mesma maneira, com respeito e igualdade.
– Cada vez mais as pessoas precisam se espelhar neste hábito para conviver melhor. O chimarrão por si só é um motivo para uma visita, um passeio, um encontro no parque com os amigos, ele é o elemento que reúne as pessoas.