A valorização do produto local é o novo preto. O que antes era colocado como uma tendência, hoje já é um comportamento necessário para a sobrevivência na gastronomia brasileira. Chefs e restaurantes perceberam que seus negócios não terão vida longa se o resto da cadeia não estiver sadia também. Os produtores ganharam relevância e precisam de apoio para perseverar nesse mercado global.
Do lado do consumidor, a busca por uma alimentação mais saudável trouxe uma preocupação com relação à origem dos alimentos que também reconectou as pessoas ao campo. As feiras cresceram em importância e tamanho nas cidades. O artesanal passou a encantar mais do que o resto. Os restaurantes de culinária regional tornaram-se relevantes e únicos.
Todo esse movimento propiciou uma redescoberta das nossas raízes e virtudes. Percebemos que temos produtos de qualidade aqui e que o que vem de fora não necessariamente é melhor. Com isso, resgatamos também o orgulho dos nossos sabores, sem aquele bairrismo desnecessário e retrógrado.
Para o produtor, tal cenário representa uma nova perspectiva de vida no curto e no longo prazo. De imediato, uma economia mais aquecida e a possibilidade de prezar pela qualidade dos produtos. Olhando mais além, os filhos dos produtores já podem considerar perpetuarem os negócios da família no campo como algo bem mais atraente do que uma vida incerta nas grandes cidades.
O resumo da ópera é que todo mundo ganha com a valorização dos produtos locais. Sou contra o radicalismo no qual devemos consumir somente o que é daqui. Acho inviável e pouco interessante. O equilíbrio e a diversidade é que tornam nossa vida gastronômica melhor. Mas quando começamos a prestar mais atenção no que está sendo produzido à nossa volta, é inevitável ser mais feliz e conectado com o lugar a que pertencemos.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris