Já fui uma mulher sem filhos e sempre frequentei restaurantes. Hoje, sou uma mulher com uma filha de três anos que cultiva o mesmo hábito. Mas entre uma persona e outra há um abismo, uma segregação criada pelas circunstâncias. Ocorre que nem todos os lugares – e, principalmente, nem todas as pessoas que encontramos nesses lugares – são amigáveis a crianças. Colocando em palavras objetivas, quando entro de mãos dadas com a minha filha em um restaurante que não está preparado para receber crianças, vejo olhares de reprovação de pessoas que questionam internamente quando aquele pequeno ser humano começará a atrapalhar a refeição alheia.
Porém, nem todas as crianças são bagunceiras, e nem todas as mães são desligadas. Antes de sair de casa, converso com a Alice e faço combinações, que vão desde ficar sentada na mesa até comer o prato todo antes de pedir a sobremesa. Combinações essas que são reforçadas quando o carro é estacionado em frente ao local, quando entramos, quando sentamos à mesa.
Mas mesmo com todos esses avisos, com todas essas conversas, incidentes ocorrem. se ela chorar, se ela falar um pouco mais alto, se ela deixar o prato com arroz e feijão cair no chão, eu gostaria de contar com a empatia das pessoas ao redor. Porque, muito provavelmente, ela não fez de propósito, e eu estou, certamente, tentando controlar a situação – inclusive, se a senhora da mesa ao lado prestar bem atenção perceberá que eu mal consegui terminar de almoçar e que a minha bebida ficou quente.
É claro que não estou querendo dizer que todos os restaurantes devem adorar receber crianças e que os pais podem levá-las a qualquer lugar. Respeito a regra subentendida de que não se deve levar crianças a locais voltados para casais e pequenos grupos. Mas não admito um olhar de reprovação ao entrar em uma galeteria com a minha filha segurando uma boneca e me pedindo o giz de cera que eu havia prometido levar. É preciso, sim, bom senso na hora de escolher onde levar nossos filhos, mas também é necessário um pouco de empatia de quem não está acompanhado de crianças. Afinal, crianças são crianças e restaurantes são uma grande diversão.
* Conteúdo produzido por Tatiana Tavares