O fogo, a carne, a mesa: são essas as palavras que os chefs do 20BARRA9 e do TORO Gramado elegeram para definir o 1835, restaurante que nasce da paixão pela carne e pelas memórias criadas ao redor do fogo, em mesas fartas de afeto e de boas comidas. São essas lembranças que nos invadem ao entrarmos no grande salão do novo restaurante do Kempinski Laje de Pedra, reformado para receber clientes a partir deste mês para uma das experiências gastronômicas mais incríveis do país.
O 1835 leva o churrasco gaúcho a um novo patamar, oferecendo o que há de melhor em carnes, que chegam ao ponto perfeito na parrilla. Um dos destaques do menu é o entrecote de Wagyu. A escolha do nome também é uma forma de valorizar a cultura rio-grandense, pois é o ano em que aconteceu a Revolução Farroupilha.
O espaço no Kempinski Laje de Pedra, em Canela, une o talento dos chefs Arika Messa, do TORO, e Felipe di Sicca e Bruno Celente, do 20BARRA9, que abrirá mais três restaurantes até o final do ano.
O empreendimento está instalado em uma área de mil metros quadrados, divididos em seis ambientes. O primeiro comporta o Bar do Laje, com sofás, mesas de mármore e madeira e poltronas em couro com os dizeres “1835”. A personalização aparece também nos talheres, tudo de extremo bom gosto. O antigo mobiliário do hotel está presente, com a clássica lareira em destaque.
O segundo salão possui um outro bar e a ideia é que ele seja mais formal, para jantares. A decoração foge do óbvio, com abajures de lã de ovelha e bancos com estampa de vaca, que lembram os bares americanos do estilo country, mas com muito mais sofisticação. Três mesas possuem a sua própria parrilla, possibilitando a experiência inusitada de escolher as carnes na vitrine e assá-las na hora.
Essa sala é dividida em duas, reservando um espaço para uma pequena biblioteca com uma única mesa de madeira de 14 lugares, para almoços especiais em família. Para trazer ainda mais personalidade, há peças do acervo pessoal dos sócios Márcio Callage, Gustavo Wiesel, Felipe e Rafael Peccin.
Em frente a esses espaços está o deque com vista para o Vale do Quilombo, que parece uma pintura que rodeia todo o restaurante. Essa é, sem dúvidas, a parte mais encantadora. A paisagem emana tranquilidade e remete a sensação de estar viajando, tornando perfeita a ideia de pedir um drink e apreciar o momento em uma das espreguiçadeiras em frente às lareiras ecológicas.
Voltando para dentro, há ainda mais dois ambientes: a cozinha aberta, separada dos clientes apenas por um vidro, que permite que observemos a parrilla e toda a preparação dos pratos, algo que faz parte da essência do 20BARRA9. E, por último, uma exposição de fotos que relembra as décadas de história do Laje de Pedra e a sua importância para o turismo da região.
Por enquanto, o restaurante está operando somente para eventos e nos recebeu em primeira mão para relatarmos a experiência. Os chefs montaram um menu para que conhecêssemos as principais opções da casa. A precificação ainda não está fechada, mas os pratos irão variar de R$ 100 a R$ 400.
Após visitarmos a cozinha, circularmos por todos os ambientes e tirarmos muitas fotos, pois tudo é lindo e rende ótimos cliques, sentamos no primeiro salão, de frente para o deque. Começamos nosso almoço de sexta-feira por uma tábua de charcutaria, contendo três queijos (yamandú, dambo e grana padano) e três embutidos (copa, salame colonial e presunto cru), acompanhada de pão de fermentação lenta tostado na parrilla e uma manteiga temperada.
O queijo yamandú é cremoso, o dambo é meia-cura, e o grana padano, extremamente maturado. A copa é mais macia do que os outros dois embutidos e temperada com pimenta, cravo, noz-moscada e canela. Toda essa mistura cria uma harmonia de texturas e sabores, tanto para começar uma refeição, quanto para acompanhar drinks em um happy hour.
Um preceito do 1835 é valorizar os produtores locais, por isso os queijos são da Alvorada Missioneira, de Canela, e o presunto cru da Gran Nero, de Flores da Cunha.
Durante toda a refeição, apreciamos o vinho rosé produzido pelo 20BARRA9 em parceria com Vinícola Plátanos, de Bento Gonçalves. Uma bebida suave e aromática que, bem geladinha, trouxe frescor para o dia de calor na serra.
O primeiro prato foi uma salada de folhas verdes temperada com vinagrete de balsâmico, figos recheados com queijo de cabra e o mesmo presunto cru da tábua. Essa salada é típica da região serrana, que é rica na produção de figos. É um prato leve, ideal para as estações mais quentes, em que o sabor adocicado da fruta contrasta com a acidez do balsâmico.
O segundo prato é o que os chefs apostam que será o mais pedido da casa, uma releitura do carreiro de churrasco. O arroz cateto é preparado com carnes nobres assadas na parrilla e acompanhado de couve, ovo frito caipira e molho demi-glace.
Entre as carnes utilizadas, estão assado de tiras, entrecote e linguiça de mignon defumada. É uma comida afetiva, bem temperada. O arroz é molhadinho e a couve e o ovo formam uma excelente combinação. Se o objetivo é celebrar a culinária gaúcha, ele foi atingido com sucesso ao colocar na mesa um carreteiro de carnes de primeira. Ótimo sabor e muitas lembranças afetivas.
Depois de pratos tão bem executados, fomos cheias de expectativas para a parte mais aguardada da refeição: as carnes. O primeiro corte trazido foi o Prime Rib, que significa costela de primeira. A carne é extraída entre a sexta e décima costela do boi, considerada a parte mais macia. O ponto é o clássico do 20, que valoriza a maciez e a suculência da carne.
Para acompanhar, os chefs trouxeram um prato chamado de Couves e Flores, que leva couve, couve-flor e brócolis tostados na parrilla e cobertos por um molho cremoso de queijos serranos. Por mais que a carne seja a estrela, uma boa parrilla precisa oferecer acompanhamentos à altura e isso é algo que foi muito bem pensado no 1835.
Carnes combinam com drinks imponentes, como o Negroni, com gim, vermute tinto e campari, um dos vários coquetéis que serão servidos nos dois bares dentro do restaurante. Por isso, foi a nossa escolha para acompanhar o Prime Rib.
Fazendo jus a expressão “o melhor sempre fica para o final”, os últimos pratos trazidos foram o entrecote e o assado de tira de Wagyu, o que há de melhor no mundo em termos de carne. A raça de gado originária do Japão gera um dos cortes mais exóticos e saborosos que existe. Isso porque tudo é feito com muito cuidado, desde a alimentação do boi, com trigo, milho, soja e cevada.
Por ser extremamente marmorizado, é indicado que o bife de Wagyu seja servido com pouco sal e levemente grelhado, sem a adição de temperos fortes ou molhos, justamente para não perder suas características. Foi exatamente assim que ele chegou em nossa mesa. Com certeza uma das melhores carnes que já experimentei na vida - só não vou dizer a melhor para não deixar os outros churrasqueiros com ciúmes.
Pensei que fosse difícil servir um acompanhamento que mantivesse o nível, mas as cenouras com molho de iogurte e nuts não deixaram nada a desejar, sendo muito elogiadas por todos na mesa.
Quando fomos conhecer a cozinha, o chef Felipe di Sicca disse que o restaurante pensa na refeição como um todo, sem deixar de lado os doces. Me lembrei dessa promessa ao receber a Laje de Chocolate, sobremesa com base crocante, recheio de mousse de chocolate e creme inglês. Chocolate é o meu ponto fraco, então eles acertaram em cheio e me deixaram completamente satisfeita. A tortinha é cremosa, doce na medida certa e nada enjoativa. O toque final de um almoço inesquecível.
O 1835 está ancorando as opções gastronômicas do Laje de Pedra, que foi comprado pela rede Kempinski Hotels. Entre as atrações estarão, ainda, outros dois restaurantes e cinco bares com amplos terraços, delicatessen, enoteca, rooftop com lareira, teatro e área para eventos. Somente o 1835 passará a operar em soft opening no dia 12 de novembro, o hotel será finalizado em 2024. Em um primeiro momento, funcionará exclusivamente o Bar do Laje, com um cardápio reduzido e drinks desenvolvidos por Jean Ponce, eleito bartender do ano pela revista Veja. As reservas serão pelo Instagram @dezoito35.
Poucas coisas nos deixam tão felizes quanto ver o Rio Grande do Sul recebendo opções gastronômicas como essa, que celebram a carne respeitando as tradições e cuidam de cada detalhe para que a experiência seja perfeita para além do prato. Ao entrarmos no 1835, revivemos nossas melhores lembranças da Serra e nos sentimos à vontade, em um ambiente que é, ao mesmo tempo, aconchegante e sofisticado. Guardei para o final o comentário sobre a vista, que não sairá da nossa memória por um bom tempo.
1835, apenas muito obrigada por esse almoço extraordinário!
1835
No Kempinski Laje de Pedra (Av. do Parque, 777), em Canela
Em soft opening a partir do dia 12 de novembro
@dezoito35