O lado ruim de viajar é a parte da despedida. Ir embora de uma cidade é sempre muito doído. Mas tem o lado bom, que é sair de uma para conhecer outra. Antes de sair de Barcelona, analisamos carinhosamente nossa rota até Saint-Rémy-de-Provence e percebemos várias maneiras de chegar no destino final.
A mais interessante, pra mim, é sempre a que passa pela praia. E como a costa espanhola e francesa tem tanta praia legal quando a brasileira, fiz uma rápida pesquisa para saber onde deveríamos parar. O conciérge do hotel foi bem rápido e claro ao disparar "Cadaqués" com a língua entre os dentes no "s" final.
Cadaqués, como as duas fotos acima adiantam, é uma praia espremida entre morros, de difícil acesso (de onde podemos pressupor, pela dificuldade, ser também um local com fluxo turístico bem reduzido), e que tem a peculiaridade de ser eternamente o local escolhido para sediar a casa de veraneiro do Salvador Dalí.
Largamos o carro num estacionamentinho que era tipo o lugar oficial da cidade para deixar o carro e curtí-la a pé. Não há carros na cidade, apenas pedestres e ciclistas. Tá ok, também há barqueiros, para ser justo :)
O objetivo era fazer o circuitinho pela orla e escolher o trecho da praia que mais nos chamasse atenção. Por mais simples que possa parecer, foi uma missão bem cabeluda.
Em pouco mais de 1 km de extensão existem milhares de paisagens meio que de tirar o fôlego onde tudo é lindo, perfeito e parece que o mundo é um lugar livre de todos os males do ser humano, o animal mais irracional de todos. Ainda bem que pelo menos neste momento, vivemos por alguns segundos num mundo ideal.
Na verdade nem tão ideal assim, porque seria perfeito mesmo se pudéssemos almoçar no mar, ou tomar banho de mar num restaurante. Mesmo porque ainda estava de pé a ideia de chegar em Saint-Rémy durante o dia...
Curtimos o máximo que deu na praia, e voltamos a caminhar em busca de algum lugar que nos chamasse mais atenção. Dá vontade de parar em todinhos.
Mesmo porque, por mais que a comida eventualmente não fosse lá essas coisas, a vista compensa qualquer deslize. Tipo uma água mineral com esse visual já seria melhor do que qualquer menu degustação no Itaim.
Quem muito quer, nada tem. Naquelas de ficar procurando o lugar perfeito, acabaríamos sem almoço mesmo porque já se aproximava das quatro da tarde, e ainda tínhamos mais uns 350 km até Sait-Rémy.
O escolhido foi o lugar, dentre os lindos e na beira do mar, o que tinha mais gente. Sinal de que o lugar não poderia estar enganando vários inocentes ao mesmo tempo.
É tudo tão lindo na rua que é óbvio que ninguém sentaria lá dentro. Pelamor né gente, vamos combinar de ficar aqui num dia de bastante chuva. Se é que chove num paraíso desses.
Mesmo porque, a decoração era uma coisa meio "floricultura dos anos 90", com toques de "casa de praia da vó", e uma que outra referência de "festa de formatura do colégio".
Já ambientados, começamos a observar o que no geral as pessoas estavam pedindo. Daí lembrei muito embora estivéssemos próximos à fronteira da França, ainda era Espanha, lugar de comer muito de pouco, em grandes quantidades.
À começar pelos mejillones de roca al vapor, com limãozinho. Apesar da lambança que faz pra comer, acho espetacular. Ainda mais quando fresco assim.
Inclusive, aprendi uma coisa com o passar do tempo: não adianta tentar comer mexilhões sem fazer sujeira. Quanto mais a gente tenta, maior a sujeira. Pra compensar a bagunça, uma porçãozita de calamares a la romana, que nesse caso também é conhecido como lula à milanesa.
Em seguida, um pulpo a la gallega, presença obrigatória em qualquer petiscada. O pulpo a la gallega pra eles deve ser tipo a nossa porção de batata frita. Tava bem bom.
Já tava mais do que de bom tamanho, e a Re já preocupada com o tempo. Eu, querendo prolongar ao máximo aquele momento, já que pedir a conta significaria despedir-se de Cadaqués. Cavei um penalti com uma paella de mariscos. Totalmente exagerado, apesar de ótima. Pelo menos ganhei uns 15 minutos a mais com ela!
Antes de sair, ainda consegui pedir mais uma taça de vinho da casa e um café. Não havia mais jeito, era hora de partir. Gastamos 70 euros por este almoço, e foi mais do que suficiente para partir com a certeza de um dia voltar, só que dessa vez para ficar mais tempo. Mesmo porque, ainda teríamos toda a Provence pela frente!
Riba des Pianc, 5 - Cadaqués
Girona/Espanha
Fone: 97 225 84 61
www.nordestcadaques.com
Todos os cartões