Volta e meia quando estamos em uma roda de amigos ou até quando vamos ao supermercado comprar um vinhozinho ou uma cerveja, surgem algumas dúvidas. Será que a puro malte é realmente melhor? O nível de álcool do vinho define a qualidade dele? Tá, mas qual é a diferença entre o reserva e o reservado?
Para acabar com todas essas dúvidas, a gente conversou com alguns entendedores dessas bebidas. Para falar com propriedade sobre cerveja, pedimos ajuda para o Diego Eduardo Corrêa, sócio-proprietário da Dubh Craft Beers, cervejaria localizada no Baixo Barra, no BarraShoppingSul. E, sobre vinhos, falamos com a enóloga Natália Frighetto e com o sommelier Cledi Sodré.
1. A CERVEJA POSSUI MUITAS CALORIAS
Mito. A cerveja possui carboidratos e açúcares, assim como outras bebidas alcoólicas e não alcoólicas. O "mito" sobre o excesso de calorias, geralmente, está ligado ao excesso e aos acompanhamentos, já que uma boa cerveja vem junto um bom petisco que, normalmente, é bem calórico como frituras, pizzas e outras delícias.
2. VINHO BOM É VINHO CARO
Mito. Apesar de alguns rótulos carregarem o peso de vinícolas reconhecidas e, por isso, serem mais caros, existem vinhos com ótimas propostas de bom custo-benefício. Nossa dica é apostar em bebidas jovens, frutadas e para consumo rápido.
3. QUANTO MAIS ÁLCOOL TEM O VINHO, MELHOR ELE É
Mito. O álcool é um produto natural do processo de fermentação dos vinhos, que transforma o açúcar presente na uva em etanol. O que não nos damos por conta é que nas safras em que a uva não atinge a maturação completa, é permitido a adição de açúcar para elevar o teor alcoólico. Muitas vezes, esse exagero pode desequilibrar o vinho, deixando-o mais alcoólico do que a estrutura permite.
4. NÃO EXISTE DIFERENÇA ENTRE CHOPE E CERVEJA
Mito. O produto é o mesmo, mas, no Brasil, existe uma diferenciação na nomenclatura. O chope é a versão fresca que precisa de refrigeração para se manter conservado, já a cerveja é pasteurizada, e não tem a necessidade de se manter refrigerada, facilitando, assim, a venda em grande escala.
5. CERVEJA PURO MALTE É MELHOR
Mito. No Brasil, foi utilizado muito como marketing, pela ideia de que os cereais não maltados, como milho e arroz, em cervejas de larga escala, tem como finalidade a redução de custo. Nas cervejas belgas, por exemplo, existem muitos cereais não maltados nobres para realçar e dar complexidade ao sabor, e isso não interfere na qualidade.
6. QUANTO MAIS VELHO, MELHOR O VINHO
Nem sempre. Existem vinhos que, em função da variedade da uva e do método de produção, são elaborados para guarda. Porém, também há vinhos que apresentam características jovens, frutadas e fáceis de beber, excelentes para serem consumidos no ano em que foram elaborados.
7. CERVEJA ESCURA É MAIS FORTE E A CLARA É MAIS FRACA
Mito. O que define a cor da cerveja é o tipo de malte utilizado. Cervejas escuras utilizam malte torrado para atingir a cor, mas o que vai garantir o amargor é a concentração de lúpulo. Podemos ter cervejas escuras, como uma Dry Stout, mais leves do que uma Ipa, por exemplo, que é clara, porém, muito mais lupulada.
8. UVA BRANCA FAZ VINHO BRANCO, UVA VERMELHA FAZ VINHO TINTO
Mito. Uva branca faz vinho branco e em contato com a casca pode resultar em um vinho de cor alaranjada. Por outro lado, as variedades tintas também podem fazer vinhos brancos, como é o caso do blanc de noir, um clássico champagne elaborado a partir da uva pinot noir, que tem casca escura, mas é vinificado em branco, sem contato com a uva para não extrair a coloração nem os taninos. Hoje, no Brasil, também temos ótimos espumantes desse tipo.
9. VINHO DOCE LEVA AÇÚCAR
Depende do tipo de vinho. Vinho espumante moscatel, por exemplo, é uma bebida doce que tem o açúcar proveniente da própria fruta. Funciona assim: a fermentação é interrompida, produzindo menor quantidade de álcool e uma concentração maior de açúcar residual. Mas temos vinhos que levam açúcar em sua composição, como os suaves, para ficarem dentro da categoria de rótulos doces.
10. EXISTE DIFERENÇA ENTRE CERVEJA DE GARRAFA E DE LATA
Verdade. No geral, o líquido é o mesmo, porém, de acordo com Corrêa, a lata leva uma certa vantagem em alguns estilos, pois protege a bebida da exposição à luz mais do que a garrafa e, isso, para alguns estilos, é aconselhável. A claridade causa um efeito chamado lightstruck, quando os raios solares atingem a cerveja, podendo resultar em um aroma desagradável. Geralmente, nas garrafas verdes e transparentes são mais perceptíveis, já nas marrons é mais sutil. Quanto a ser mais saboroso ou não, o cervejeiro afirma que é muito relativo, porque existem marcas que aproveitam esse efeito para ter uma característica proposital em sua fórmula, que pode ser percebido nitidamente quando se bebe a versão em garrafa ou em lata.
11. TODA CERVEJA PRECISA SER SERVIDA BEM GELADA
Mito. Tudo depende do clima, do estilo de cerveja e do gosto pessoal. O ideal é nunca tomar uma cerveja em temperaturas negativas, pois as papilas gustativas adormecem e se não sente todos os sabores da bebida. A Pilsen, clássica do churrasco de domingo, por exemplo, pode ser servida a 0°C, já uma Imperial Stout, para um ocasião especial, é indicada ser consumida a 12°C. No geral, cervejas mais leves consumimos em temperaturas menores e, cervejas mais complexas e alcoólicas, em temperaturas maiores.
12. VINHO RESERVA E RESERVADO SÃO A MESMA COISA
Mito. Embora os nomes sejam parecidos, eles representam uma grande diferença quando falamos em qualidade e complexidade do vinho. Para ser considerado um vinho reserva, ele precisa ter passado por um longo período de envelhecimento. De acordo com o sommelier Cledi Sodré, diretor da Sommelier Vinhos de Porto Alegre, o tempo de amadurecimento pode variar de seis a 36 meses. Como regra geral, subentende-se que o vinho identificado como reserva seja mais elaborado e possua uma leve passagem pelo carvalho. Já o reservado, trazido para o Brasil por produtores chilenos, é uma bebida mais simples e não passa pela madeira. A proposta é ser um vinho de entrada: indicado para o consumo no dia a dia, sem sabores e aromas complexos.