Com paladar rústico e agressivo, as Sour Beers definitivamente não são cervejas para iniciantes. Caracterizadas por sabores ácidos e até mesmo azedos, são originadas de uma maneira mais selvagem de produzir cerveja e acabam por se confundir com a história da bebida.
- São definidas por uma acidez intencional. Ou seja, as cervejarias utilizam ingredientes e métodos para que a bebida adquira essa característica, que em outros estilos é considerada um defeito - explica o beer sommelier Edu Pelizzon.
As Sour Beers encontram nas belgas Lambic, Gueuze e Flanders Red Ale seus estilos mais antigos e mais conhecidos. De maneira geral, o país sempre produziu cervejas de uma forma mais rústica, utilizando leveduras selvagens durante a fermentação espontânea feita em tanques abertos, o que resulta naturalmente em bebidas mais ácidas.
- Hoje em dia, fora da Bélgica, as Sour Beers são feitas de forma mais industrial, adicionando ácido lático ou bactérias como Lactobacillus, Pediococcus e Brettanomyces à bebida no momento da fermentação - afirma Edu.
As particularidades assumidas a partir da elaboração das cervejas garante a elas refrescância e elementos que podem lembrar estábulo, couro e feno nos aromas. No sabor, é semelhante ao vinagre, o que pode assustar degustadores que não estão preparados.
Apesar de ser considerada uma cerveja para apreciadores, por adquirir um sabor muitas vezes desagradável para a maioria das pessoas, as Sour Beers estão se popularizando tanto nos Estados Unidos, que têm apostado há algum tempo neste estilo, quanto no Brasil, onde, aos poucos, cervejarias como WayBeer e Tupiniquim passam a produzir a bebida.
- Se tivéssemos que fazer uma escala de estilos de cerveja, as Sour Beers seriam o limite, junto com as Barrel Aged Beers. Como o consumidor vai evoluindo o paladar à medida que prova novos sabores, aos poucos passa a procurar estilos mais elaborados, por isso as Sour são tendência - revela Edu. - Mesmo assim, o Brasil ainda tem muita estrada pra percorrer se quiser ter um consumo expressivo dessa cerveja.
Na hora de combinar as Sour Beer com a comida, a dica é apostar em saladas e frutos do mar, ou até mesmo queijos mais fortes.
Confira abaixo alguns rótulos indicados por Edu Pelizzon:
TUPINIQUIM TIRANA SOUR ALE
Lançada no Festival Brasileiro da Cerveja, tem adição da levedura selvagem Brettanomyces, além de levedura de champanhe. Na produção, é fermentada duas vezes. Tem aroma suave, e no paladar é azeda e levemente ácida.
MORADA CUPUAÇU SOUR
Produzida pela cervejaria Morada Cia. Etílica, tem acidez intensa e aromas frutados. É levemente avinagrada, com paladar seco e azedo.
SOUR ME NOT ACEROLA
Parte da linha de Sour da WayBeer, esta cerveja é tem ao mesmo tempo o sabor da fruta e a acidez esperada do estilo. Tem baixo teor alcoólico e muita refrescância.
BOON KRIEK
Cerveja belga do estilo Fruit Lambic, é produzida utilizando frutas inteiras e puras (cerejas) durante a fermentação espontânea. é refrescante, com paladar que mistura notas ácidas e doces.
Dica do beer sommelier Edu Pelizzon: Experimente colocar na boca um pedaço de chocolate branco, uma fatia de queijo brie e um gole da Boon Kriek. Mastigue tudo junto e tenha a certeza de estar provando um cheesecake.
CANTILLON GUEUZE
Cerveja cujo estilo é resultado de uma mistura de blends de Lambic em diferentes estágios de maturação. Tem complexidade aromática, com toques frutados, de mel e até mesmo couro. No paladar, tem bastante acidez e adstringência.
RODENBACH CLASSIC
Do estilo Flanders Red Ale, é uma cerveja licorosa, avinagrada e de paladar seco. Para alguns pode ter semelhanças com vinho. É leve e tem aromas de frutas vermelhas.
* Conteúdo produzido por Juliana Palma