Aromáticos e refrescantes, os vinhos riesling tinham tudo para fazer sucesso em qualquer lugar do mundo. No Brasil, porém, eles passaram de venerados a temidos e desprezados pelo grande público. Tudo culpa do tal Liebfraumilch, o vinho da garrafa azul, que circulou por aqui nas décadas de 1980 e 1990 e praticamente virou maldição.
- Apesar de ter sido muito consumido no Brasil, é um vinho de péssima qualidade e teve êxito graças à grande jogada de marketing feita aqui no Brasil - lembra o sommelier João José. - Com a abertura do mercado para a importação, em meados dos anos 1990, o consumidor brasileiro passou a ter acesso aos verdadeiros rieslings, de qualidade.
Originária na Alemanha, a bebida tem uma acidez refrescante. Os aromas são de flores brancas e, por incrível que pareça, derivados de petróleo, como gasolina e querosene. O motivo? O solo.
- Algumas regiões alemãs onde são cultivadas essas uvas são localizadas perto de rios, pedregosos e cheios de substâncias como fósforo. A uva, delicada, acaba absorvendo os minerais e traduzindo em sua constituição. Mesmo com essa peculiaridade, são vinhos espetaculares - comenta João José.
Esses vinhos têm uma grande produção na Alemanha, mas o mercado interno acaba consumindo quase tudo. Poucos países conseguem importar, é o caso do Brasil e dos Estados Unidos. Outros países que têm se destacado na produção de rieslings são França e Austrália, onde são principalmente consumidos acompanhados de ostras, segundo a enóloga Maria Amélia Duarte Flores. Os riesling também vão muito bem com outros frutos do mar e carne de porco. A dica é experimentar com comida tailandesa, pois a acidez do vinho quebra os fortes temperos asiáticos, como a pimenta.
No Rio Grande do Sul a produção de vinhos riesling ainda é pouco expressiva, apesar de a uva fazer parte de assemblages na elaboração de espumantes. Como ela precisa de um clima frio, com inverno rigoroso, para se desenvolver, a uva não consegue manter regularidade por aqui. Mas pode-se encontrar vinhedos de riesling no Vale dos Vinhedos, Encruzilhada do Sul e alguns testes em Santa Catarina.
Confira abaixo dicas de Maria Amélia Duarte Flores e João José.
Clos de Nobles Riesling
Produzido pela Vinícola Aurora, no Rio Grande do Sul, é um vinho branco seco, com aromas cítricos e paladar fresco. Vai muito bem com peixes greelhados, frutos do mar e risoto de alho-poró.
Meli Riesling
Elaborado pela enóloga Adriana Cerda, é um dos emblemáticos vinhos do Movimento dos Vinhateiros Independentes (Movi). Com produção limitada, este chileno é cítrico e refrescante, com aromas e intensidade marcantes.
Leyda Single Vineyard Neblina Riesling
É um vinho branco chileno elegante, com limão, toque herbáceo e nuances de querosene nos aromas. Exuberante mineral e acidez no paladar.
Franz Künstler Riesling Kabinett Trocken Hochheimer Hölle
Este alemão apresenta um frutado de maçã verde, mel, flores brancas, derivados de petróleo, fósforo, deliciosa acidez e mineralidade equilibrada.
Domaine Marcel Deiss Riesling
Elaborado na região da Alsácia, na França, este vinho tem muita mineralidade, combinando frescor e ótima presença da fruta. Combina com peixes, crustáceos, queijos, ostras e aves.
* Conteúdo produzido por Juliana Palma