O apresentador e fundador do canal de televisão SBT, Silvio Santos, morreu neste sábado (17), aos 93 anos. Entre as lembranças da sua trajetória, está a tentativa de concorrer à Presidência da República, em 1989.
Como Silvio Santos tentou ser candidato
A eleição de 1989 foi o primeiro pleito a escolher por voto direto o máximo mandatário do país desde 1961. Foram 22 candidatos.
Silvio Santos não havia se lançado candidato quando a campanha eleitoral começou. Segundo o livro Notícias do Planalto, de Mário Sergio Conti, o então PFL (Partido da Frente Liberal), partido do então presidente José Sarney, estava descontente com a falta de apoio dos seus principais dirigentes a Aureliano Chaves, candidato do partido.
Os senadores Hugo Napoleão, Edison Lobão e Marcondes Gadelha tentaram convencer Chaves a retirar sua candidatura em favor de Silvio Santos. Em 19 de outubro, Silvio teria dito a Chaves que "se saísse candidato, ganharia a eleição em uma semana".
No domingo seguinte, Silvio Santos tinha uma entrevista agendada no seu programa com Lula, então candidato do PT, e avisou que não iria transmiti-la. Por uma hora, descreveu os motivos pelos quais havia decidido se candidatar ao Planalto.
Campanha eleitoral
No entanto, Aureliano Chaves recusou-se a renunciar à candidatura pelo PFL, o que levou Silvio Santos a buscar outras opções. Encontrou guarida em Armando Correa, candidato pelo então PMB (Partido Municipalista Brasileiro), que decidiu renunciar.
No dia 2 de novembro, 13 dias antes da eleição, Silvio Santos apareceu pela primeira vez na propaganda eleitoral gratuita. As cédulas já haviam sido impressas com o nome de Correa, então, Silvio explicava como que deveriam ser feitos os votos nele.
Candidatura derrubada
A pedido do PDT, que tinha Leonel Brizola como seu candidato, as propagandas eleitorais de Silvio foram interrompidas a partir de 3 de novembro. Apenas dois programas foram veiculados mostrando Silvio como postulante ao Palácio do Planalto.
A primeira pesquisa do Instituto Ibope para a Presidência da República com Silvio Santos na disputa mostrava Fernando Collor, do PRN, com 23% e Silvio com 18%, o que sinalizava uma possibilidade do apresentador chegar ao segundo turno.
Foram feitas várias impugnações da candidatura ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com dois motivos. Um deles era o fato de que Silvio Santos exercia o cargo de diretor em concessão pública, e deveria renunciar a isso seis meses antes da disputa. Outro era o fato de que o PMB havia feito convenções em apenas quatro Estados, quando o mínimo exigido era nove.
Em 9 de novembro, o TSE barrou a sua candidatura por unanimidade - sete votos a zero. O PMB teve seu registro cancelado pelo tribunal, a punição mais grave a um partido na época. Silvio Santos não foi candidato. Seis dias depois, aconteceu a eleição que levou Lula (PT) e Collor (PRN) para o segundo turno, com a vitória do então governador de Alagoas.