Enquanto coleta ervas no meio da floresta, Inácia (Edvana Carvalho) dá uma verdadeira aula a Padre Santo (Chico Diaz):
— Orixás representam a força que emana de cada elemento. Oxalá é o ar, Iemanjá o mar, os vento é de Iansã e os rios são de Oxum. As mata de Oxóssi. O metal é de Ogum e o fogo é de Xangô.
No mesmo capítulo, José Inocêncio (Marcos Palmeira) questiona o pastor Lívio (Breno da Matta) sobre seu posicionamento político, ao que o religioso responde:
— Eu não sou de centro, nem de esquerda, e muito menos de direita. Eu sou do alto. Porque apesar do Evangelho estar repleto de política, ele não abarca nenhuma ideologia partidária.
A principal mudança da primeira versão de Renascer para esta é o sincretismo religioso. Na trama adaptada por Bruno Luperi, um padre católico, um pastor evangélico e uma praticante do Candomblé convivem em harmonia, trocam ideias e ensinamentos e, acima de tudo, se respeitam profundamente. Quem dera fosse assim na vida real...
Edvana Carvalho emociona desde os primeiros capítulos da história. Para sorte do público, Inácia tem a mesma intérprete nas duas fases, e vem mostrando um pouco sobre a religião de matriz africana, coisa rara na teledramaturgia. Em um país que ainda tem muito preconceito às religiões alheias, Renascer dá uma aula de como deveríamos agir: com respeito, acima de tudo.
Aliás, José Inocêncio é um bom exemplo de que é possível ter crenças contraditórias. Desde a juventude, o protagonista levava "Deus e o diabo na garupa", o que justificaria ele ter sobrevivido a tantos infortúnios — da pele arrancada às tocaias. Até hoje, mantém seu diabinho na garrafa próximo à imagem de Nossa Senhora. Esse literalmente, acende uma vela pra Deus e outra pro diabo.