Na definição do dicionário, "clássico" é uma obra de estilo impecável, modelo digno de admiração. Sendo assim, não é exagero dizer que Renascer (1993) é um clássico da teledramaturgia brasileira. Noveleiros com mais de 30 anos provavelmente carregam alguma memória afetiva da trama, seja por conta do misticismo envolvendo um certo cramulhãozinho na garrafa, seja pelos romances arrebatadores ou rivalidades de arrepiar. Quem assistiu, não esqueceu. Na coletiva de apresentação da novela, a equipe contou um pouco sobre o que o público irá conferir a partir de hoje, às 21h20min, na RBS TV.
Bruno Luperi era criança quando Benedito Ruy Barbosa criou Renascer, e é a primeira novela que lembra ter visto o avô escrever. Depois do sucesso da releitura de Pantanal (2022), Luperi volta a honrar o legado da família com outra versão repaginada de uma história do avô, mas sabe da responsabilidade que isso acarreta.
– Pantanal e Renascer foram as duas obras-primas do meu avô e me resumo ao meu lugar. Minha proposta não é recriar. Sou um cara que respeita o trabalho que me precede – destaca.
Renascer conta a saga de José Inocêncio (Humberto Carrão /Marcos Palmeira), um homem que faz fortuna cultivando cacau na Bahia. É uma história de redenção, mas também de muitas perdas e sofrimento. Para Marcos Palmeira, protagonizar essa história é um misto de emoções. Assim como Pantanal, na qual esteve presente nas versões de 1990 e de 2022, com Renascer, o ator revive uma trama marcante de sua carreira. Se há 30 anos ele foi João Pedro, o filho rejeitado, agora é dele o papel de patriarca.
– Não é refazer uma história, é trazer novas camadas. Viver agora o pai do personagem que eu fiz em 1993 não tem preço. Recontar é reviver isso – relata, emocionado.
Quem também não esconde a alegria de revisitar essa história depois de três décadas é Jackson Antunes. Na versão original, ele foi Damião, seu primeiro trabalho na telinha. Desta vez, será Deocleciano, braço direito de José Inocêncio:
– A emoção que tive de 30 anos atrás é a mesma agora. Estou em um estágio de encantamento.
Saga familiar
Deocleciano será o carinho paterno que sempre faltou a João Pedro (Juan Paiva). Zé Inocêncio culpa o filho caçula pela morte de Maria Santa (Duda Santos), vítima de complicações no parto. Apesar da relação difícil, o rapaz é o único que permaneceu ao lado do pai na lida da fazenda.
– A relação com o pai é de um embate, mas que não atrapalha a relação com o respeito. Ele está sempre buscando um carinho, mas é rejeitado – explica Juan.
O que já era complicado fica ainda pior com a chegada de Mariana (Theresa Fonseca), que desperta a paixão de pai e filho. A jovem atriz revela que Renascer é a novela favorita de sua família:
– Quando falei para eles que faria essa novela, todos acharam que era uma grande mentira. E quando viram que era verdade, falaram que tenho que fazer muito bem, o que me deixou com ainda mais pressão.
Cabe a Theresa a responsabilidade de encarar uma personagem que há 30 anos foi interpretada por Adriana Esteves.
– Mariana chega em um jogo já estabelecido e, assim que ela entra, mexe em tudo quando se apaixona perdidamente tanto pelo pai quanto pelo filho – diz a atriz.
Rodrigo Simas será José Venâncio, um dos filhos de José Inocêncio. Para o ator, a trama deve cativar o público ao mostrar a complexidade das relações familiares:
– José Venâncio faz de tudo para agradar o pai, mas é dificultado pela distância e falta de carinho dele. É uma família despedaçada que ele tenta montar de novo.
O que menos interessa a José Bento são os laços familiares, conta seu intérprete, Marcello Melo Jr:
– Ele tem respeito pelo pai, mas lida com tudo de uma forma diferente. Ele destoa da relação com a família. Cria uma individualidade e está sempre querendo se dar bem.
O filho mais velho do protagonista é José Augusto, vivido por Renan Monteiro:
– Falar de família é um tema muito interessante no Brasil porque a maioria dos filhos são criados pela mãe e, na novela, são pelo pai. É interessante esse amor fragmentado. José Augusto ser instrumento disso é um privilégio pra mim.