Poucos participantes homens saem ilesos de Casamento às Cegas. Em um reality show sobre relacionamentos amorosos, cujo público está sempre pronto para cancelar alguém nas redes sociais, terminar a temporada como favorito é uma proeza do gaúcho Alisson Hentges, um dos integrantes do programa que acabou de ser exibido no mês passado, na Netflix.
Talvez por conta de sua personalidade brincalhona, seu cabelo loiro e seu estilo "hétero top", Alisson inicialmente levantou suspeitas de que iria partir algum coração ao longo dos episódios. Afinal, gaúchos em realities raramente são unanimidade: do polêmico Marcelo Dourado, no BBB 10, ao estrategista Cristian Vanelli, que recentemente foi eliminado no BBB 23, passando pelo atrapalhado Daniel Lenhardt, do BBB 20.
Em Casamento às Cegas, porém, os espectadores gaúchos respiraram aliviados. O jovem de 27 anos esbanjou simpatia, companheirismo e honestidade no relacionamento com Thamara Térez — que, aliás, foi o único que sobreviveu à segunda temporada. Nas redes sociais, os comentários sobre ele são só elogios.
Em entrevista a GZH, Alisson credita o sucesso de sua participação em Casamento às Cegas à segurança que ele tinha no que estava fazendo.
— Os pré-julgamentos sempre existem e não seria diferente. Mas eu estava tranquilo quanto a pessoa que fui e o que mostrei — explica ele. — O maior aprendizado é realmente interno. É poder me orgulhar da pessoa que me tornei e também mostrar para minha família que a educação e os conselhos e conversas que tivemos ao longo da vida valeram a pena.
O fato de ter exposto suas vulnerabilidades também pode ter ajudado a criar uma relação mais verdadeira com o público, com quem ele diz ter até hoje uma "troca muito boa". No programa, o administrador de produção não hesitou em demonstrar insegurança quando sua namorada falou sobre o ex-noivo, que voltou a procurá-la, e também se abriu sobre seu passado como filho adotivo.
Vida a dois
Natural de Venâncio Aires, Alisson conta que namorou muito tempo de sua vida. Quando se inscreveu no reality, estava passando por um período solteiro, "de muitas festas", e quase não parava em casa.
— Era uma mudança de perfil. Meus amigos sugeriram a inscrição no reality em virtude de me "aquietar" e conhecer alguém. Voltar a levar uma vida a dois. Eu relutei no início, mas fizemos a inscrição juntos, e quando foi tornando-se concreta a possibilidade de participar, eu já mentalizava o desejo de encontrar um casamento.
Hoje, o casal está vivendo no Rio de Janeiro, terra natal da advogada. É uma nova fase, já que os dois finalmente podem falar publicamente sobre o relacionamento — enquanto o programa estava no ar, eles eram obrigados, contratualmente, a manter o status da relação um mistério.
— A relação está ótima — resume. — Estamos novamente construindo nossa vida, dia a dia, e acompanhando as mudanças que são necessárias em virtude da exposição. Nosso relacionamento é muito sincero, com amor, colaboração e carinho. Antes de casados, somos muito amigos, e acho que isso que faz a diferença.
Sem clube do Bolinha
Um fator que pesou positivamente na avaliação de Alisson é que ele não se envolveu em "panelinhas" com outros homens do reality, como ocorreu na primeira temporada de Casamento às Cegas (e gerou vários "cancelamentos"). Quando um colega teve uma atitude machista com Thamara, na primeira fase, ele reagiu rapidamente.
— Desde o início, eu deixei muito claro que não era um lugar para fazer amigos. Meus amigos estão no Sul, eu poderia criar vínculos de amizade mais para frente. O experimento era sobre casamento e não amizade — declara ele.
Com o passar do tempo, os vínculos foram se formando. Hoje, ele diz que se dá bem com metade do elenco masculino.
— Mantenho contato direto com o Robert, Alexandre Aragon, Maíra, Amanda, Lucas Aulucci, Akin, André. São pessoas muito puras e sinceras e que vale a pena ter ao lado.
Produção: Mariana Barcellos