O documentário Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo, dirigido por Juliana Vicente, estreou na Netflix na última quarta-feira (16). Já no dia seguinte (17), a produção chegou à liderança da lista de filmes mais assistidos no Brasil pela plataforma.
O filme mostra a origem e a ascensão do grupo formado nas periferias de São Paulo por Mano Brown, KL Jay, Ice Blue e Edi Rock. Produzido pela Preta Portê, traz cenas inéditas gravadas ao longo dos mais de 30 anos de carreira do grupo, além de entrevistas exclusivas, e reforça o impacto e o legado dos músicos para a cultura brasileira.
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, a diretora explicou que o projeto começou em 2015, com filmagens de entrevistas que, a princípio, seriam para um DVD sobre os 25 anos do grupo. Porém, desde 2012, Juliana já entendia a função que o Racionais exercia socialmente, para além da música. Naquele ano, ela gravou o clipe de Marighella, canção do grupo.
—Para muita gente, Racionais MC's é religião, é partido político, e um pai para quem nunca teve, vai muito além da música — destaca a diretora.
Juliana afirma que, no processo de acompanhar o Racionais MC's em shows, ouviu diversos fãs comentarem que o grupo salvou a vida deles. No documentário, um dos principais pontos explorados é a ligação do grupo com pessoas da periferia.
Desde sua criação, os rappers representam a voz dessas comunidades.
— Queria que os pretos me ouvissem, queria ir no coração deles — anuncia Mano Brown em uma das cenas iniciais do documentário.
— Eles estão lá dentro, né? Eles vivem ali, continuam circulando ali. A vida dos caras é a favela e eles falam o que ninguém quer falar — afirma Juliana.
Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo mostra não só o impacto político e social do grupo, mas também a influência da capital paulista na vida dos artistas. Os marcos territoriais, os bairros de onde cada um vem e o deslocamento pela cidade ganham protagonismo no longa, transformando a cidade em personagem do filme.
— Nós não tínhamos nada, então íamos nos alimentar das luzes e vitrines do centro. Era na São Bento (estação do metrô de São Paulo) o centro do hip-hop dos anos 1980 — relembra Mano Brown no documentário.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.