O regionalismo está em alta na telinha. Além das belezas do Pantanal, exibidas na novela das nove da Globo, a partir desta segunda-feira (22) outro pedaço do Brasil ganha foco por meio da ficção. Com cenas gravadas em Pernambuco e Alagoas, Mar do Sertão, nova trama das seis, apresenta ao público a fictícia Canta Pedra, cenário de grandes amores, intrigas e ambição.
Canta Pedra surgiu na mente criativa de Mario Teixeira, mas o autor destaca que a cidade inventada é um cenário universal.
— Falar de uma pequena aldeia é falar do mundo, acho que os tipos humanos se repetem sempre. A trama é ambientada no interior de um Brasil profundo, mas, ao mesmo tempo, dentro de todos nós — conta o autor.
Como todo bom folhetim, Mar do Sertão está centrada em uma forte história de amor. Candoca (Isadora Cruz) e Zé Paulino (Sergio Guizé) são dois jovens apaixonados e cheios de esperança no futuro que estão prestes a trilhar juntos.
Aos 24 anos e estreando como protagonista, Isadora destaca a potência de sua personagem:
— Candoca tem o poder de ajudar, o poder de dar voz como mulher. Acho que ela é movida pelo amor aos animais, ao meio ambiente, à preservação da natureza, o amor ao Zé Paulino, à mãe, às amigas. Candoca é movida pelo amor, esperança, fé num futuro melhor, no poder da voz para poder transformar a realidade.
Paraibana de João Pessoa, Isadora empresta seu sotaque e sua garra nordestina para uma mocinha "arretada", que não abaixa a cabeça nem quando seu mundo parece desmoronar.
— Essa personagem tem a força feminina, de entender o poder de sua voz como mulher e saber se impor para os homens tão poderosos de Canta Pedra e em uma sociedade tão machista. Ela tem coragem e força de se colocar para mudar a realidade da cidade e poder empoderar cada vez mais as mulheres — explica Isadora.
Tragédia e recomeço
Os caminhos de Candoca e Zé Paulino tomam rumos diferentes quando o vaqueiro sofre um grave acidente, no qual é dado como morto. É aí que entra a determinação de Tertulinho (Renato Góes), que há muito sonhava em conquistar o coração da moça.
— Após a "morte" de Zé Paulino, Tertulinho acolhe Candoca. Ele a ajuda quando ela mais precisa, é um amor baseado na praticidade da vida. Vai ser muito difícil essa escolha dela, tanto Zé Paulino quanto Tertulinho são muito especiais — adianta a atriz.
Após 10 anos, Zé Paulino está de volta a Canta Pedra, mais vivo do que nunca. Porém, ele descobre que sua amada acabou se casando com outro homem. Sergio Guizé explica a reviravolta na trajetória de seu protagonista:
— Eu penso nessa fase como uma virada do personagem. Tem a primeira fase, que é inocente, apaixonada, solar. E tem esse outro momento, em que Zé Paulino volta do coma e o casamento entre Tertulinho e Candoca mexe muito com ele, que desconfiava da relação da noiva com o rival, o que acaba se confirmando.
De peão a playboy
Poucos meses depois de se despedir da primeira fase de Pantanal, na qual viveu o jovem José Leôncio, Renato Góes está de volta à telinha, desta vez com um personagem de caráter duvidoso.
No processo de transição entre um personagem e outro, Góes conta que não foi fácil se desvencilhar da saga pantaneira. Para mergulhar de vez na pele de Tertulinho, ele até parou de acompanhar a trama das nove.
— Parei de ver Pantanal há mais de dois meses. O negócio é meio automático. Eu saía na rua, mesmo já trabalhando aqui (em Mar do Sertão), e alguém falava: "Zé Leôncio". Aí, eu já dizia: "Araaa". Precisei desconectar, sabe? Mas no dia a dia, foi realmente natural. O que me conquistou no novo personagem é que é muito mais leve do que os últimos trabalhos que fiz — afirma Renato.
Renato é um dos muitos atores nordestinos que fazem parte do elenco. Natural de Pernambuco, ele ressalta a importância de ter a presença de conterrâneos em cena:
— Agrega demais da conta, não existe fazer uma novela chamada Mar do Sertão sem pessoas do Nordeste. Cabe a nós trazer essa diversidade para a televisão, trazendo talentos novos.
Filho do Coronel Tertúlio (José de Abreu) e de Deodora (Débora Bloch), Tertulinho se encanta por Candoca logo no início da trama. Mas, para ter a moça em seus braços, ele terá de tirar Zé Paulino do caminho.
Cenário é um show à parte
As locações onde foram rodadas as primeiras cenas devem ser um show à parte para o público. Segundo o diretor Allan Fiterman, gravar na região foi essencial para começar a contar essa história:
— Conseguimos lugares incríveis para retratar o sertão e fazer acontecer. Fomos para Alagoas, Vale do Catimbau. Nossa cidade cenográfica foi inspirada na cidade de Piranhas.
A equipe situou a fictícia Canta Pedra entre os sítios arqueológicos do Vale do Catimbau, em Pernambuco, e a imensidão do Rio São Francisco, em Alagoas. Para o elenco, viajar para o lugar ajudou na composição de seus personagens, além de aumentar o entrosamento da equipe.
— A viagem foi rápida, mas fundamental, não só de imagem, mas de personagem, entender o bioma em que a gente estava, entender de fato o nosso ambiente — destaca Góes.
Guizé concorda com as palavras do colega e acrescenta:
— Não estava acostumado com aquele ambiente, o semiárido, queria saber como os personagens se relacionavam, como começaram a ganhar vida. As cores do lugar e o clima ajudaram muito na composição dos personagens.