Vai ter gaúcho entrando na casa dos brasileiros a partir desta segunda-feira (4), às 9h30min. Dois gaúchos, aliás: Patrícia Poeta, que é natural de São Jerônimo, e Manoel Soares, baiano radicado no Rio Grande do Sul e rosto já conhecido dos espectadores da RBS TV. Eles são os novos apresentadores do Encontro e assumem oficialmente o comando do programa diário da Rede Globo no lugar de Fátima Bernardes, que, após 10 anos à frente da atração, passará a apresentar o The Voice Brasil.
A dobradinha não é em si uma novidade para os dois. Afinal, Patrícia e Manoel já trabalharam juntos no É de Casa, programa exibido pela Globo aos sábados. O próprio Encontro não é um chão estranho a se pisar, pois os dois já haviam dividido o palco da atração em eventuais afastamentos da titular. Além disso, foi lá onde Manoel Soares iniciou sua carreira na televisão nacional, quando deixou a afiliada gaúcha para trabalhar como repórter no programa de Fátima Bernardes.
— Toda vez que eu me sento naquela poltrona e coloco o microfone no rosto, a sensação é de família — declara Manoel Soares.
Ou seja, tanto ele quanto Patrícia estão em casa. Porque conhecem bem um ao outro e ao programa que agora assumem, mas também porque conhecem o público com o qual passarão a dialogar diariamente. Só que a familiaridade não significa que o friozinho na barriga deixou de bater.
Primeiro, porque tomar posse de um bastão passado por Fátima Bernardes é um ato que sempre traz consigo uma certa dose de responsabilidade — e nisso Patrícia tem experiência, pois já havia ocupado a cadeira da colega no Jornal Nacional, quando esta deixou o jornalístico para criar o Encontro. Em segundo lugar, porque os novos apresentadores têm pela frente o desafio de imprimir suas marcas pessoais em um programa que há uma década já faz parte da vida dos brasileiros.
— Adoro a Fátima. Tenho um carinho muito grande por ela e uma grande admiração também. Que ela siga o que seu coração mandar e seja feliz nesse novo ciclo, como foi no Encontro. Da minha parte, pretendo cuidar com muito carinho do programa que ela criou há 10 anos — afirma Patrícia Poeta.
Ela projeta como será a nova empreitada:
— Quando você substitui alguém no programa, você procura ser o mais fiel possível àquela função e ao DNA desse programa que já existe. Quando você assume de vez, tem uma liberdade maior de ser mais você na essência, e o programa, automaticamente, ganha mais a sua cara. O que é normal, porque você está todo o dia ali criando, planejando as próximas atrações. É algo natural.
"Super Manhãs"
O que também deve seguir de forma natural é a mistura entre jornalismo e entretenimento, que faz parte do DNA do Encontro desde a sua criação. E agora com ainda mais fluidez, pois uma troca de horários vai permitir que o programa fique mais conectado aos assuntos do dia: em vez de iniciar logo após o Mais Você, como ocorreu nos últimos 10 anos, a atração passará a ir ao ar depois do Bom Dia Brasil, mais cedo, na faixa antes ocupada pelo matinal de Ana Maria Braga, que agora assume o horário anterior do Encontro.
A mudança, além de temporal, será também geográfica. O estúdio do Encontro vai deixar a casa da Globo no Rio de Janeiro e se mudará para São Paulo, onde já são gravados o Bom Dia Brasil e o Mais Você. Com isso, o objetivo é promover uma proximidade física entre as atrações matutinas da emissora, que agora passam a ser reunidas pelo título de Super Manhãs da Globo, e possibilitar que o Encontro fique mais integrado ao noticiário.
— Acredito que nessa nova fase do programa o público pode esperar uma relação mais sólida e permanente com a informação. Vindo depois do jornal, creio que estaremos conectados com tudo o que for informativo e relevante, atentos às discussões dos temas que mais interessam ao público de casa — avalia Manoel Soares.
A nova proposta tem tudo a ver com o apresentador, que desde os tempos de RBS é conhecido por usar o espaço privilegiado da TV aberta para trazer à roda temas importantes de serem debatidos, como o racismo e a desigualdade social. É sua marca registrada e é o que ele pretende continuar fazendo no Encontro.
— Acho que a minha função é atender a tudo aquilo que é relevante para a sociedade. Se nosso público e nossos telespectadores entenderem que esses temas são fundamentais para as vidas deles, com certeza eu vou continuar contando. Mais do que criar debate, precisamos criar pontos de entendimento e pontos de compreensão. Eu acho que nós não podemos constranger a família brasileira, não podemos constranger as pessoas que são acuadas e excluídas, mas precisamos motivar um encontro entre a sociedade que muitas vezes não conversa — comenta.
E apesar do rigor dos temas, a diversão deve permanecer viva no programa. Porque seguem as já tradicionais atrações musicais, a presença de artistas que estão em alta no momento, as participações da carismática Tati Machado comentando de BBB a Pantanal, e outros quadros que conquistaram o público, além de novidades que estão sendo pensadas para ganhar a tela ao longo do segundo semestre.
Para os apresentadores, a proposta é unir o melhor dos dois mundos da emissora: jornalismo comprometido com a informação e entretenimento que traz leveza à vida dos espectadores. E é, de certo modo, também um resumo das duas grandes áreas que têm permeado a carreira dos dois até aqui. Por isso que os próximos 10 anos do Encontro prometem fazer história na vida dos dois gaúchos, e também na TV brasileira.
Amor ao Rio Grande do Sul
Não é de hoje que Patrícia Poeta e Manoel Soares deixaram de sentir o frio do inverno rio-grandense, pois há tempos vivem no sudeste do país. Mas agora, com a mudança oficial do Encontro para São Paulo, cidade que Manoel define como uma "esquina do mundo", os dois vão mesmo de mala e cuia para lá. Abaixo, eles contam a GZH como tem sido a relação com o Estado nos últimos anos.
- Patrícia Poeta: "A gente sai de um lugar, mas ele não sai da gente. São nossas raízes, né?! E elas continuam fortes! Tenho um carinho muito grande pela minha terra e pelos meus conterrâneos. E sempre que surge uma oportunidade, falo deles no programa. Isso me ajuda a matar um pouco a saudade da minha 'querência amada', como diz a música".
- Manoel Soares: "Minha família mora no Rio Grande do Sul. Minha mãe e dois dos meus seis filhos moram no Rio Grande do Sul, então a minha conexão com o Estado é permanente, o Rio Grande do Sul continua sendo a minha casa. Eu conheço cada rua, cada beco, cada cidade, cada sotaque diferente em cada cidade gaúcha, até porque quem mora em Porto Alegre fala diferente de quem mora em Nova Hartz. Então, acho que é fundamental que eu sempre mantenha esse laço para eu poder manter viva a minha identidade".