Está aberta a temporada de festas pomposas, figurinos glamourosos, ambientes luxuosos, gente rica que passa o dia inteiro sentada, escândalos e romance. Ah, e aquilo que todo mundo faz e gosta, mesmo que às vezes seja escondido: fofoca. Toneladas de fofocas. Ou seja, a segunda temporada de Bridgerton chega à Netflix nesta sexta-feira (25), com oito episódios de aproximadamente uma hora.
A primeira parte estreou em 25 de dezembro de 2020 e logo se tornou a atração original mais vista da história da Netflix. Segundo dados divulgados pela plataforma no final de janeiro de 2021, a série foi assistida por 82 milhões de contas naquele período. Bridgerton só seria ultrapassada em outubro pelo fenômeno sul-coreano Round 6, que, conforme a empresa, foi visualizado por 111 milhões de lares. Ainda assim, a produção de Shonda Rhimes é a série em língua inglesa mais assistida no serviço de streaming.
Bridgerton adapta a série de livros da escritora americana Julia Quinn, que bebem bastante da fonte de Jane Austen (1775-1817). Ambientada na Inglaterra do século 19, a saga é centrada na família homônima, sendo que cada título é focado em um integrante da prole. A primeira temporada adaptou o primeiro livro O Duque e Eu, que foca na relação entre Daphne (Phoebe Dynevor) e o duque de Hastings (Regé-Jean Page).
Desta vez, a série foca no segundo livro, O Visconde que me Amava, com a história principal sendo protagonizada por Anthony (Jonathan Bailey), o primogênito dos Bridgerton. Daphne vira uma personagem secundária, enquanto o duque, que arrancou suspiros e protagonizou cenas tórridas na primeira temporada, nem aparece — embora o casamento entre os dois esteja consolidado.
Nesta leva de episódios, Anthony busca a esposa ideal, que atenda a seus padrões exigentes e complexos (falar grego e latim, querer o número certo de filhos etc). Sua motivação para o matrimônio é pragmática, visando apenas honrar o nome da família. No final da última temporada, ele ficou com o coração partido: a cantora de ópera Siena Rosso (Sabrina Bartlett) terminou o relacionamento com ele após concluir que o visconde jamais a assumiria publicamente, já que que ela não cumpria os padrões. Nesta fase, vemos um Anthony menos libertino, tentando assumir um papel de patriarca da família — aliás, o personagem sente muita falta do pai, Edmund.
— Ele se divide entre amor, luto e dor. Foi muito bom explorarmos o passado de Anthony por meio de flashbacks, explicando o porquê de seu comportamento questionável. Há muito a ser descoberto sobre ele — explicou Bailey em coletiva de imprensa por videochamada.— Há momentos em que ele age de maneira egoísta, mas é porque precisa. Precisa cumprir obrigações da sua família.
Até que Anthony conhece Kate Sharma (Simone Ashley). Ela não atende exatamente aos pré-requisitos, mas o instiga. Num primeiro momento, Kate procura se afastar de Anthony após ouvi-lo em uma conversa desagradável.
Kate veio da Índia com sua madrasta, lady Mary Sharma (Shelley Conn), e sua irmã mais nova, Edwina Sharma (Charithra Chandran) — que ela está decidida a proteger a todo custo. Em um baile, Anthony conhece Edwina e percebe que a jovem atende a todos os padrões que procurava.
— Edwina é uma pessoa doce, generosa e de coração aberto. Ela está sempre disposta a encorajar os outros. No começo da temporada, ela é mais passiva, mas no final ela mostra seu lado corajoso — descreve Charithra.
Quando Anthony começa a cortejar Edwina, Kate se sente aflita: afinal, o visconde não está atrás de um amor verdadeiro. Ela tenta afastá-lo da irmã. No entanto, cada movimento só faz Kate e Anthony se aproximarem ainda mais.
Há sempre uma tensão sexual com Bailey e Simone em cena, fruto de uma boa química entre os dois. Segundo a atriz, essa conexão foi imediata:
— Já surgiu antes de começarmos a gravar. Nós tivemos algumas conversas e alguns ensaios, mas passamos a confiar um no outro rapidamente. Acreditávamos no trabalho que estávamos fazendo.
Bailey completou:
— Foi como um clique.
Fofoqueira e poderosa
Além dos Bridgerton, a série também traz o lado da família Featherington, que recebe o novo herdeiro de sua propriedade, lord Jack (Rupert Young). A matriarca Portia (Polly Walker) segue se virando nos 30 com seus trambiques. Quem ganha mais espaço no ano dois é Penelope (Nicola Coughlan). No final da temporada anterior, descobrimos que ela é a lady Whistledown, autora responsável pelo jornal de fofocas da alta sociedade. Desta vez, o público poderá vê-la em ação, desdobrando-se para descobrir segredos e ocultar sua identidade.
Para Nicola, Penelope escreve as fofocas por diversas razões, que vão desde a informação como forma de poder ao fato de ser reconhecida de alguma maneira.
— Ela foi subestimada a vida toda. Sua família costuma deixá-la de lado. Sempre foi uma criança quieta, que lia muitos livros. Ela sabe que tem uma mente incrível. Acho também que ela absorveu um pouco o lado fofoqueiro de sua mãe. É a maneira de ela ter poder no mundo. Creio que o fato de as pessoas amarem tanto lady Whistledown contribui bastante para Penelope escrever — refletiu a atriz.
O futuro do novelão
Se comparado com a primeira temporada, que chamou atenção com suas cenas quentes, o novo ano da série é mais comportado. Há poucas cenas de intimidade, com um foco maior no drama e no romance, além das tramas secundárias. Ou seja, é como se Bridgerton virasse uma novela das seis. Não que isso seja ruim, já que a história segue envolvente, como todo bom novelão.
Questionado na coletiva de imprensa sobre a diminuição das cenas de sexo, o showrunner Chris Van Dusen justificou que esta temporada traz uma história diferente com foco em diferentes personagens.
— Para a gente, nunca foi sobre o número ou a quantidade de cenas de sexo. Eu acho esta temporada tão sexy quanto a primeira, além de ser igualmente escandalosa e prazerosa. Acho que há algo bastante satisfatório na troca de olhares entre pessoas numa sala e suas mãos delicadamente se tocando. Você pode perceber toda a tensão sexual na tela, especialmente pelo jeito que Jonathan e Simone propiciam, com uma química fora do comum. São recursos que usamos para contar a história. Nunca faríamos uma cena de sexo apenas por fazer. Todas têm de ter um progresso por trás — garantiu.
Perguntado sobre a terceira temporada, Van Dusen se limitou a responder apenas que já estão trabalhando nela e que "as coisas estão acontecendo". Se a versão televisiva acompanhar os livros, o próximo ano da atração será protagonizado por Benedict Bridgerton (Luke Thompson). Ao ser indagado sobre o assunto, Thompson desconversou:
— Eu não sei se essa será mesmo a premissa principal da próxima temporada. Quem sabe como eles usarão os livros para contar a história? Estou contente e não estou esperando nada. Vou fazer o que pedirem. Vamos ver o que acontece.