Não foi necessário mais do que dois episódios para ver que a versão brasileira de Casamento às Cegas, estreia desta quarta-feira (6) na Netflix, é superior à americana. Essa percepção é nítida por conta do temperamento dos participantes, que encaram discussões quentes, diálogos sedutores e ousam muito mais do que os participantes do reality original, criado nos Estados Unidos, em 2020.
Com apresentação de Camila Queiroz e Klebber Toledo, Casamento às Cegas chega ao streaming em três fatias — a primeira delas, com três dos 10 episódios da primeira temporada. O restante será lançado nas próximas duas quartas-feiras, em uma estratégia para causar ainda mais impacto sobre as histórias apresentadas.
Para quem assistiu ao programa original, a versão nacional tem a mesma lógica: os 32 candidatos heterossexuais entram em cabines individuais e tem encontros rápidos de 15 minutos com alguém do sexo oposto, sem ver a outra pessoa, que está em um quarto na parede ao lado. A proposta é que eles se interessem sem aspectos visuais, somente pela forma como a conversa flui. Caso ocorra alguma sintonia e vontade mútua, o casal pode se conhecer após 10 dias de jogo.
Entre um encontro e outro, os participantes do mesmo sexo podem interagir em um hall especial, compartilhando informações sobre por quem mais se interessaram. É o local onde mora o perigo: em alguns momentos, o espectador pode se sentir vendo um programa de auditório sobre problemas conjugais, já que é normal dois homens se interessarem pela mesma mulher.
Camila e Toledo, como qualquer pessoa curiosa, ficaram empolgados ao acompanharem as discussões nos bastidores. Durante as gravações, eles confessam que foi normal pedir o acompanhamento em tempo real para os produtores, contando para eles as novidades quando estavam longe dos estúdios. O casal concorda que este é o diferencial da atração.
— Os participantes se entregaram muito e não tiveram vergonha de se jogar no que estavam sentindo. Os americanos foram mais tímidos, mas os brasileiros... vieram muito mais disponíveis e ganham no carisma. A gente é mais barraqueiro, não dá pra negar — diverte-se Camila, que também estará no ar em Verdades Secretas 2 neste mês, no streaming.
Gaúchos
Conforme visto nos dois episódios liberados pela Netflix para a imprensa, Casamento às Cegas Brasil tem participantes bem marcantes. Um dos nomes que deve dar o que falar é o administrador Gustavo Mester, 33 anos, natural de Porto Alegre. Em sua apresentação, ele conta que o último relacionamento que teve foi marcado por muitos "altos e baixos" e que isso ajudou a "entender melhor o que realmente quer".
Dentro do reality, ele deixa sua estratégia bem clara: além de disputar uma das candidatas com outro colega, o bom humor dele será marca registrada. Em uma das conversas com as participantes femininas, ele pergunta à moça, que é filha de advogados, se os pais dela a fizeram "direito", fazendo um trocadilho com a formação deles e com a personalidade da mulher.
Além dele, a gaúcha Fernanda Terra também se destaca nos episódios, criando um envolvimento com um dos participantes logo de cara. Conforme sua descrição, ela conta que ama viajar e que pratica crossfit.
— Meu maior sonho é ter uma família, apesar de eu ser meio doidinha e não parecer. Sou do time que prefere praia, verão, sexta-feira com Netflix e acordar cedo. Meu mantra de vida é tudo tem sempre algo positivo — diz Fernanda, em um dos trechos do programa.
Diferenças
Camila e Toledo destacam que a produção do Casamento às Cegas caprichou nos cenários. Com luzes neon e decoração bem pensada, os quartos e o hall que recebem os participantes são mais elaborados do que o da versão americana. Foram utilizados dois estúdios, de 3 mil metros quadrados cada, e uma área de quase 1 mil metros quadrados de apoio à produção durante a primeira fase do programa. Ao todo, a montagem levou 25 dias para ser feita.
O formato original do reality é da Endemol Shine, que também importou o Big Brother e o MasterChef para o Brasil — dois dos programas mais assistidos da televisão brasileira. Para Toledo, a paixão do público por programas de relacionamento tem a ver com a personalidade deles.
— O brasileiro lida com o coração e gosta da emoção, somos sonhadores por natureza. (...) Mesmo quem já tem um relacionamento está assistindo ali e colocando emoção, aprendendo com as situações. A gente vai vendo e mudando nossos olhares, é um baita exercício de observação — destaca o ator, que segue no ar na Globo na reprise de Império.