A primeira temporada de Loki — sim, primeira, pois o programa deixou de ser uma minissérie e foi renovado, tornando-se a primeira produção contínua do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês) no Disney+ — terminou nesta quarta-feira (14). E, com o encerramento, muitas dúvidas foram respondidas, mas, também, várias outras foram deixadas no ar.
Ao longo de seus seis episódios, a série comandada pela diretora Kate Herron e roteirizada por Michael Waldron conseguiu beber na fonte das ficções científicas de maneira interessante e criativa, recorrendo à metalinguagem e trabalhando no desenvolvimento de um dos personagens mais fascinantes do MCU, Loki, com todas as suas contradições, motivações, trapaças e, óbvio, narcisismo.
A atração focou, de maneira acertada, no que o vilão, que também é herói, pensa em vez de simplesmente se entregar à ação. O programa do Disney+, porém, não deixou a grandiosidade de lado em momento algum, com uma produção impecável e digna do Deus da Trapaça, que se recusa a morrer definitivamente.
Atenção: spoilers da primeira temporada da série abaixo
O episódio final
No sexto capítulo, intitulado Por Todo Tempo. Sempre, Loki (Tom Hiddleston) e Sylvie (Sophia Di Martino) finalmente encontram o grande vilão que está por trás da Autoridade da Variação de Tempo (TVA, na sigla em inglês) e ele é ninguém menos do que Kang. Ou quase isso: é uma variação "menos malvada" do personagem.
Vivido pelo ótimo Jonathan Majors (Lovecraft Country), o personagem, em Loki, é apresentado como Aquele Que Permanece, mas, no decorrer do episódio, explica que já recebeu muitos outros nomes, inclusive, de Conquistador — principal alcunha do vilão nos quadrinhos.
Aquele Que Permanece revela ser uma variante de um cientista do século 31 que descobriu a existência de realidades paralelas e isso gerou um efeito dominó, com o mesmo acontecendo em outros mundos. As versões do personagem viveram em paz por um bom tempo, colaborando e desenvolvendo as suas realidades em parceria.
O problema é que algumas de suas variantes eram malvadas e começaram a Guerra do Multiverso, buscando conquistar todos os mundos. Aquele Que Permanece venceu a batalha ao usar a criatura Alioth — aquela que Loki e Sylvie enfeitiçam no quinto episódio — para acabar com suas variantes. Para evitar que as suas versões mais vilanescas ressurgissem e criassem o caos, ele criou a Linha do Tempo Sagrada e a TVA para controlá-la.
Porém, com o passar das eras, Aquele Que Permanece se cansou e conta a Loki e Sylvie que traçou o caminho para que as duas variantes chegassem a ele, dando a eles duas opções: assumirem o controle da Linha do Tempo Sagrada e manterem a "paz", apesar de retirar o livre arbítrio das pessoas, ao fazer com que elas vivam dentro de uma jornada pré-estabelecida, ou se vingarem, matando-o e, assim, abrindo espaço para que seres piores surjam das ramificações. De qualquer forma, ele iria descansar. Loki e Sylvie, obviamente, têm opiniões divergentes.
Enquanto Loki quer pensar sobre a possibilidade de controle, para evitar algo pior, Sylvie quer fazer o certo, garantindo a liberdade, por mais que as consequências possam ser catastróficas. No embate, a versão de feminina do Deus da Trapaça acaba por triunfar, mandando o protagonista de volta para a TVA e eliminando Aquele Que Permanece. E, a partir disso, a Linha do Tempo Sagrada começa a se ramificar de uma maneira sem precedentes, abrindo infinitas realidades paralelas. Kang está solto.
O multiverso ganha protagonismo
O final de Loki mostra que as séries dos personagens da Marvel no Disney+ não podem ser desconsideradas para quem acompanha o MCU. Muito pelo contrário: elas, provavelmente, são essenciais para entender os próximos passos das produções cinematográficas que compõem a Fase 4, iniciada com WandaVision.
Essas ramificações criadas na série do Deus da Trapaça, assim como os eventos de WandaVision, deverão ser pontos de partida para a série What If...? e para os filmes Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e, claro, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, que promoverá o encontro dos universos do personagem no cinema e em que se espera a reunião das três versões do herói contracenando. Será que com a conclusão de Loki, finalmente, teremos o primeiro trailer mostrando os multiversos aracnídeos? É bem possível que este seja o timing que a Sony — detentora dos direitos do herói — estava esperando.
Já Jonathan Majors, que vive Aquele Que Permanece em Loki, foi escalado para atuar em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, previsto para 2023, em que deverá interpretar o grande vilão Kang, o Conquistador. A versão mais malvada. O Loki de Tom Hiddleston, por sua vez, está sendo dado como certo em Doutor Estanho no Multiverso da Loucura pela imprensa internacional, juntamente com a Wanda de Elizabeth Olsen.
E, como dito acima, Loki é a primeira produção de heróis do Disney+ a garantir uma segunda temporada. E ela será essencial para responder as questões que ficaram abertas na série: o que Sylvie fará após matar Aquele Que Permanece? Loki foi enviado para outra realidade da TVA, em que Mobius (Owen Wilson) não o reconhece e em que Kang é uma entidade adorada. Ou seja, ele está sozinho e com um problemão. Como ele vai sair dessa? E a juíza Ravonna Renslayer (Gugu Mbatha-Raw), que saiu pelos tempos prometendo ir atrás do livre-arbítrio? Mobius, no final das contas, vai conseguir ter um jet ski? Resta aguardar os próximos episódios.