Um hotel luxuoso, quatro espertalhões e um negócio milionário. Com esses ingredientes, o resultado só poderia ser muita confusão e boas risadas. A partir de hoje, entra no ar mais uma edição especial de um grande sucesso. Pega Pega (RBS TV, 19h35min), exibida originalmente em 2017, ocupa o horário das 19h até que a próxima trama inédita, Quanto Mais Vida Melhor, seja finalizada com segurança.
Para o elenco da novela de Claudia Souto, será uma delícia rever essa história, agora com distanciamento e sem a correria das gravações.
Em uma coletiva de imprensa que mais parecia um bate-papo entre amigos de longa data, parte da equipe relembrou com carinho desse divertido trabalho.
A história
Um plano ambicioso e ousado foi o pontapé inicial da novela. Malagueta (Marcelo Serrado), Júlio (Thiago Martins), Sandra Helena (Nanda Costa) e Agnaldo (João Baldasserini), funcionários do hotel Carioca Palace, se uniram para roubar 40 milhões de dólares, dinheiro que Pedrinho (Marcos Caruso) embolsaria com a venda do empreendimento para Eric (Mateus Solano).
A partir daí, o quarteto se envolve em uma série de situações inusitadas, já que não pode gastar a fortuna tão cedo.
O que os ladrões azarados não previam é que se apossariam de bem mais do que os milhões da transação. O grupo acabou roubando a cena e conquistou uma inesperada simpatia por parte do público.
Intérprete da mocinha Luiza, Camila Queiroz reconhece que os ladrões fizeram mais sucesso do que o par romântico central, formado por sua personagem e Eric.
— Era um quarteto tão apaixonante que ficou até difícil para a gente — conta.
Mateus faz coro às palavras da colega:
— As coisas se concentraram mesmo em torno do roubo, que foi o que realmente mais pegou. Então, a gente ficou se enfiando, se metendo nessa história.
Reencontro de amigos
O clima da coletiva mais parecia o de um reencontro de amigos de longa data.
A descontração da trama se refletiu nos bastidores, formando laços de amizade que perduram até hoje.
— Esse elenco foi minha família por um ano. É por isso que, quando se pergunta o que esse trabalho significa para nós, falamos da equipe. Era muito divertido estar com essa galera — revela Marcos Veras, que viveu o policial Domênico.
Heróis ou vilões?
Afinal, como explicar a simpatia dos telespectadores por quatro criminosos? A humanização dos ladrões foi um dos trunfos da autora Claudia Souto. Cada um tinha seus motivos para o que aprontaram. Malagueta, Sandra Helena, Júlio e Agnaldo tinham seus momentos de comédia, drama e romance. Não há maniqueísmo – divisão clara entre o bem e o mal – na construção dos personagens, talvez por isso, tenha havido identificação do público.
Prestes a estar no ar na terceira novela consecutiva — na reprise de Haja Coração (2016), na inédita Salve-se Quem Puder e, agora, em Pega Pega — João Baldasserini destaca o trabalho da autora em criar tipos tão humanos:
— Foi tudo muito bem escrito. Tivemos a oportunidade de desenvolver essas pessoas, essas relações, de forma a trazer graça a eles. São diferentes de pessoas sem caráter.
Dilemas éticos
Em meio às confusões e situações cômicas da novela, a autora tratava de temas sérios e atemporais, como honestidade, preconceito e ética. Conceitos estes que seguem atuais, principalmente em 2021, quando muitos valores têm vindo à toa e acirrado discussões nas redes sociais.
Diretor artístico da novela, Luiz Henrique Rios ressalta a importância de manter acesos certos questionamentos por meio da ficção:
— A ética é uma situação particular. Nós escolhemos todo dia o que é bom, o que é ruim. O que é certo, o que é errado. Eu acho que isso não vai acabar nunca, essa novela é eterna. Esse assunto não tem superação, é um assunto para sempre. Quais escolhas fazemos, como escolhemos, o que resulta cada escolha que fazemos.