Em entrevista ao podcast Armchair Expert, o dublador Hank Azaria pediu desculpas à comunidade indiana após críticas sobre o retrato caricato que deu ao personagem Apu, de Os Simpsons.
— Peço desculpas por minha parte em criar isso e participar disso. Parte de mim sente que preciso ir a cada indiano neste país e pedir desculpas pessoalmente, e, às vezes, eu o faço quando o assunto surge — comentou o dublador, que empresou sua voz ao personagem até o ano passado.
Azaria disse acreditar que Apu foi criado com boas intenções.
— Tentamos fazer um personagem engraçado e atencioso — comentou. — Mas só porque havia boas intenções não significa que não houvesse consequências negativas reais pelas quais sou responsável.
A polêmica em torno de Apu ganhou atenção em 2017 por conta do documentário O Problema com Apu, dirigido por Hari Kondabolu. O filme critica a forma como as produções americanas estereotipam os imigrantes do sul da Ásia.
Desde então, Azaria, que é branco, vinha sofrendo pressões para abandonar o personagem, o que ocorreu em janeiro de 2020. Em junho, a produção de Os Simpsons anunciou que os personagens de minorias étnicas não seriam mais interpretados por atores brancos.
Após o documentário ir ao ar, Azaria disse que buscou se informar mais sobre o assunto. Ele participou de seminários e passou a conversar com jovens de descendência indiana. Em uma ocasião, um garoto pediu a ele que falasse aos executivos de Hollywood que as obras que eles produzem afetam a vida das pessoas.
—Um jovem de 17 anos... ele nunca tinha assistido Os Simpsons, mas sabia o que Apu significa. Já é praticamente um xingamento. Tudo o que ele sabe é que é assim que seu povo é visto por tantas pessoas neste país.
Desde então, Azaria passou a defender a dublagem de personagens de minorias étnicas por dubladores com a mesma origem.
— Se for um personagem indiano, latino ou negro, vamos fazer com que essa pessoa dê voz ao personagem — disse ele. — É mais autêntico, eles trazem sua experiência e não vamos tirar empregos de pessoas que não têm o suficiente.