É gato que sempre leva uma coça do rato. Tem família pré-histórica e do futuro. Quem sabe um tubarão baterista que combate o crime. Com seus animais falantes e histórias criativas, os desenhos animados dos estúdios Hanna-Barbera atravessaram décadas expandindo a imaginação de crianças e adultos. Tudo começou com os dois artistas que dão nome à empresa: William Hanna (1910-2001), cuja morte completa 20 anos nesta segunda-feira (22), e Joseph Barbera (1911-2006), cujos 110 anos de nascimento são lembrados na próxima quarta (24).
A dupla de cartunistas se conheceu no final dos anos 1930, quando trabalhavam no departamento de animação do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer. Em 1940, a dupla lançaria o curta animado Um Bichano em Maus Lençóis (1940), que daria origem a Tom & Jerry.
Os dois fundariam a companhia Hanna-Barbera em 1957, sendo um dos primeiros estúdios a produzir desenhos animados especialmente para a televisão — além de obter sucesso com isso. Até então, as animações que passavam na TV costumavam ser reaproveitamentos dos desenhos exibidos no cinema.
Ao longo das décadas, diferentes corporações seriam proprietárias do estúdio. A Hanna-Barbera chegou a pertencer ao Turner Broadcasting System, que passou a exibir os personagens antigos primeiramente no canal Cartoon Network. Alguns desenhos da emissora foram feitos inicialmente em parceria com a Hanna-Barbera — como O Laboratório de Dexter e As Meninas Superpoderosas. Hoje, a marca é uma subsidiária da Warner Animation, servindo apenas para o licenciamento de produtos relacionados aos desenhos clássicos.
Ao lado da Disney e da Warner (vide a turma do Pernalonga), o estúdio Hanna-Barbera contribuiu para moldar o imaginário da cultura pop no século 20 com o seu riquíssimo catálogo de animações. Além de fundarem um estúdio histórico, Hanna e Barbera foram dois criadores prolíficos de desenhos animados, com personagens que marcaram infâncias. A seguir, confira algumas das criações da dupla e do estúdio.
Tom & Jerry
Tom persegue Jerry há mais de 80 anos e, inevitavelmente, fracassa. O gato está correndo atrás do rato desde o curta animado Um Bichano em Maus Lençóis (1940). Em suas primeiras décadas, Tom & Jerry continha episódios controversos para uma animação que visava ao público infantil, com problemas que iam de estereótipos raciais até insinuação de suicídio. A violência também era criticada. Com o passar do tempo, a linguagem foi mais suavizada.
Os Flintstones
Criada pelos próprios William Hanna e Joseph Barbera, em 1960, a animação retrata uma família na idade da pedra na cidade de Bedrock, convivendo com dinossauros e todas as modernidades da época — como tromba de mamute no lugar do chuveiro. O patriarca e protagonista é Fred Flintstone, que grita "yaba daba doo" quando está faceiro.
Os Jetsons
Depois da família pré-histórica, a dupla William Hanna e Joseph Barbera criou a família do futuro. Tendo sua estreia em 1962, a animação imaginava o cotidiano dali a cem anos, com uma vida regada a lazer e conforto graças às comodidades eletrônicas. Muitas previsões tecnológicas do presente foram "antecipadas" pelos Jetsons: chamada de vídeo, TV de tela plana, câmara de bronzeamento artificial, robô doméstico, entre outros.
Tutubarão
Um formato clássico do estúdio é juntar grupo de adolescentes com animal falante no enredo, que é o que acontece aqui. Criado por Hanna e Barbera, Tutubarão estreou em 1976, aproveitando o sucesso que o filme Tubarão, de Steven Spielberg, havia tido no ano anterior. A trama se passava em cidades submersas e tinha como protagonistas os integrantes da banda Os Netunos. Entre um show e outro, eles combatiam o crime. O membro mais relevante era o baterista — um grande tubarão falante, que vivia exclamando "não tem nenhum respeito!".
Zé Colmeia
Criado por Hanna e Barbera em 1958, Zé Colmeia surgiu como personagem secundário em Dom Pixote. Em 1961, o urso preguiçoso e comilão ganhou um programa próprio. Na maioria dos episódios, Zé Colmeia e o seu amigo Catatau vivem tentando roubar as guloseimas dos visitantes do Parque Jellystone, enquanto o Guarda Smith (ou Chico, dependendo da dublagem) tem a missão de impedi-los.
Manda-Chuva
Dublado no Brasil pelo ator Lima Duarte, Manda-Chuva é o líder de uma gangue de gatos em Nova York, que carrega consigo as características similares ao brasileiríssimo Zé Carioca: bem-humorado, preguiçoso e com repulsa ao trabalho. Ele está sempre bolando planos mirabolantes para tentar ganhar dinheiro fácil, mas sempre com o Guarda Belo em seu encalço. Manda-Chuva estreou em 1961.
Corrida Maluca
É no mínimo interessante uma corrida com participantes como Penélope Charmosa, Peter Perfeito, Irmãos Rocha, Quadrilha de Morte, entre outros. Eles estão em busca do título mundial de "Corredor Mais Louco do Mundo". Além de tudo, há o trapaceiro Dick Vigarista e seu comparsa, o cão Muttley, que tentam sabotar as corridas em todos os episódios. Estreou em 1968.
Jonny Quest
Criada por Doug Wildey e dirigida pela dupla Hanna e Barbera, Jonny Quest estreou em 1964. Combinando ficção científica e aventura, o desenho chamou atenção na época por seus traços mais realistas, diferentes de outras produções que o estúdio realizava até então. Na trama, o jovem Jonny Quest e seu pai, o cientista Dr. Benton Quest, vivem aventuras em meio a descobertas pelo planeta. O melhor amigo de Jonny é Hadji, famoso pela frase "sim, sim, salabim".
Scooby-Doo
Um dos maiores sucessos do estúdio, que até hoje segue ganhando novas versões em diferentes plataformas. Criado por Joe Ruby e Ken Spears, em 1969, a animação acompanha um grupo de detetives adolescentes e um cão acovardado investigando mistérios sobrenaturais — sempre um vilão disfarçado, que, ao ser pego, resmunga: "Eu teria conseguido se não fossem por aqueles garotos enxeridos e esse cachorro idiota".
Smurfs
Baseada na série de quadrinhos belga criada pelo cartunista Peyo, Smurfs estreou como série de animação em 1981. A trama acompanha um vilarejo das criaturinhas azuis, que está sob constante ameaça do malvado Gargamel. Entre os personagens mais recorrentes da turminha azulada, está o líder Papai Smurf (o mais velho e sábio); Joca, que adora fazer zoeiras; Ranzinza que, como seu nome indica, vive reclamando; Robusto, que é forte; e a Smurfette, uma das poucas mulheres do grupo.
Mais clássicos da Hanna-Barbera
- Jambo e Ruivão (1957)
- Dom Pixote (1958)
- Pepe Legal (1959)
- Tartaruga Touché (1962)
- Maguila, o Gorila (1963)
- Formiga Atômica (1965)
- Space Ghost (1966)
- Superamigos (1973)
- A Família Addams (1973)
- Capitão Caverna e as Panterinhas (1977)