Desde a sua estreia no dia 25 de janeiro, o Big Brother Brasil 21 tem ido muito além do jogo disputado na casa. Está na boca do povo: é possível ouvir conversas sobre a atração da TV Globo em mercados, farmácias, consultórios, enfim, o estabelecimento que estiver aberto. É Juliette isso, Projota fez aquilo, Lumena falou tal coisa, por aí vai. Entrar nas redes sociais — em especial, no Twitter — é pedir para ser bombardeado sobre o programa. Você pode não assistir ao reality, mas acaba sabendo o que acontece. A edição deste ano tem ganhado bastante vida fora da casa, impulsionando tendências — um BBB fora do BBB.
Não é para menos: o programa tem registrado sua maior audiência desde o BBB 10, segundo o Kantar Ibope Media. No dia da eliminação de Karol Conká, em paredão realizado no dia 23 de fevereiro, a atração teve pico de 38 pontos de audiência (2,9 milhões de domicílios ligados no programa) na Grande São Paulo; no Rio de Janeiro, chegou a 40 pontos. Foi a sua melhor audiência em uma década.
A intensidade também pode ser conferida nas redes sociais. Segundo dados do Twitter, o BBB 21 atingiu em sua semana de estreia o volume no site que era esperado para um mês. O programa foi o assunto mais comentado no Twitter brasileiro, com 35,8 milhões de publicações. Não que faltassem temas para serem discutidos, mas o reality foi mais falado na plataforma do que a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro ou a reta final do Brasileirão. Um levantamento feito pela consultoria de dados Arquimedes a pedido da revista Piauí aponta que o termo "Big Brother Brasil" obteve 77 milhões de menções no Twitter em um mês, estabelecendo-se como principal assunto brasileiro na rede social.
Ainda na primeira semana, a hashtag #BBB21 se tornou a mais usada no planeta, à frente de vários termos ligados aos grupos de K-pop, que costumam dominar essa ramificação. No mesmo período, a edição deste ano gerou nove vezes mais tuíte do que o BBB 20 e 18 vezes mais do que o BBB 19.
Com o BBB 21 em destaque, o programa acaba influenciando o lado de fora da casa, seja pautando conversas ou o consumo. Também acaba ganhando força na boca (ou publicações) de celebridades e marcas.
Famosos e marcas
Sendo o programa a pauta quente do momento, marcas e celebridades garantem seu engajamento falando sobre a atração. Claro, isso não exclui o fato de que muitos famosos são fãs mesmo do reality. Os comentaristas de BBB são bastante heterogêneos: há jogadores de futebol, jornalistas, acadêmicos, políticos, classe artística (música, TV e cinema) etc.
Um exemplo é Marília Mendonça. Reinando como a cantora sertaneja mais ouvida no Brasil nos últimos anos, ela chegou até a enfeitar sua casa para acompanhar o paredão de Nego Di, com direito a balões brancos e cartazes com dizeres como "Vem dar risada aqui fora".
Entre os boleiros, Neymar é um comentarista assíduo, para desespero de seus seguidores internacionais que ficam sem entender sobre o que o jogador está falando. Quando Karol Conká foi indicada ao paredão, Richarlison, atacante que joga no Everton, de Liverpool, chegou a prometer o sorteio de camiseta caso a sister atingisse mais de 99% de rejeição.
Como a torcida está unificada até o momento (apenas Juliette com um fandom um pouco mais ativo), as celebridades não têm influenciado o reality show como ocorria no ano passado. Por enquanto, o papel tem sido mais de endosso às tendências, como a simpatia ao G3 — Gilberto, Sarah e Juliette.
Esse endosso é possível observar nas marcas, que também repercutem o BBB em suas publicações nas redes sociais. Às vezes passam do ponto: muitas empresas realizaram promoções no paredão de Karol Conká, sorteando prêmios ou dando descontos para quem acertasse a porcentagem exata de votos que a sister receberia. Entrou na jogada tudo que é tipo de empreendimento: pizzaria, parque, livraria, loja de roupa e até um motel no Mato Gross, que convidou seus clientes para assistirem à eliminação de Karol em uma de suas suítes.
O telejornalismo também entrou nessa. Um exemplo ocorreu durante o jornal RJTV, da TV Globo. Enquanto noticiava que a prefeitura de Cabo Frio (RJ) ia fiscalizar as praias da cidade durante o Carnaval, o programa entrou na onda do BBB e justificou a decisão dizendo que Lumena não autorizou as festas. "A Lumena não autorizou", dizia o GC (gerador de caracteres, o texto que é exibido na tela) da reportagem.
Moda
BBB também é moda. Comumente confundidos com as bandanas, pois também podem ser usados na cabeça, os lenços entraram em destaque no programa. Algumas participantes aderiram ao acessório, como Thaís, Pocah, Carla Diaz e Viih Tube. O acessório dividiu os espectadores: alguns detestaram, outros se renderam.
Também a tiara de Juliette tem chamado a atenção dos espectadores. Houve quem comparasse a sister com a personagem Blair Waldorf (Leighton Meester), de Gossip Girl, que também utilizava o acessório.
Música
O BBB 21 também balança a indústria fonográfica. A música Deus me Proteja, de Chico César, ganhou nova vida. Gravada em 2008, a canção disparou em buscas nas plataformas digitais após Juliette cantá-la na casa.
A busca pela faixa foi multiplicada mais de 20 vezes na Deezer e chegou ao primeiro lugar da parada Top Viral do Spotify (ranking de músicas cuja audição cresceu rapidamente). No YouTube, a procura pelo vídeo com a versão gravada em estúdio cresceu mais de 900%, segundo dados divulgados pela assessoria de comunicação do músico. Já no Google, Deus me Proteja atingiu um pico de buscas, pela primeira vez em cinco anos, no dia 3 de fevereiro. Chico César gravou um vídeo agradecendo a sister e ao público.
Debates públicos
Além do entretenimento e consumo, o BBB 21 também trouxe alguns debates que repercutiram fora da casa: cultura do cancelamento, militância, abuso psicológico, identidade racial, transfobia, entre outros assuntos. E isso foi só no primeiro mês.