Caetano Veloso, que completa 78 anos nesta sexta-feira (7), foi um dos convidados do programa Encontro com Fátima Bernardes. O cantor falou sobre sua rotina na pandemia, relembrou o seu documentário Narciso em Férias, que foi selecionado para o Festival de Veneza, e comentou sobre a live que realizará em comemoração à data, às 21h30min.
— Esse ano é um ano atípico, porque estou parado desde fevereiro. Eu fico observando muito o que acontece comigo com a passagem do tempo e me sinto essencialmente a mesma pessoa de sempre, isso inclui uma coisa que sempre tive, que é curiosidade. Então, as coisas que vão mudando com o envelhecimento me interessam em observar — comentou o artista.
A live que Caetano realizará nesta sexta terá participação especial de seus filhos, Tom, Moreno e Zeca Veloso. A família se apresentará de forma online e gratuita, com transmissão pela plataforma de streaming Globoplay. Caetano comentou o talento de seus filhos para a música.
— Como músico, na minha área, eu não sou uma exceção. O Gil com os filhos todos talentosíssimos, capacidade musical extraordinária... E ele não é o único caso! Djavan, Wilson Simonal, Lenine... Isso é comum porque música passa muito no DNA, além da convivência que há com a música em casa, a pessoa cresce ouvindo o pai tocar, outras pessoas que vêm até a casa tocar...
Ao comentar sobre seu documentário, Narciso em Férias, selecionado para o Festival de Veneza, que narra o período em que o músico esteve preso durante a ditadura militar, em 1968, Caetano fala como foi difícil o processo de realização do longa.
— Tudo é doloroso naquele episódio. Foram dois meses na cadeia em solitária — desabafa o cantor. — O que mais me doeu, que me fez chorar mesmo, ter que parar a gravação, foi quando eu lembrei de um sargento que propiciava meus encontros com a minha esposa, e ela podia me ver por fora da grade. Ele passando risco, arrumava um jeito de deixar ela entrar na sela, coisa que não era permitida, e ele foi preso por ter me ajudado.