Caetano Veloso, enfim, topou e vai fazer sua live. Vencida a resistência ao formato de shows que virou febre no começo da pandemia — “implicância” tratada com graça em suas redes sociais —, o cantor e compositor encontrou uma boa razão para a apresentação desta sexta (7), às 21h30min, com transmissão ao vivo pela plataforma Globoplay, com acesso gratuito a não assinantes. É seu aniversário de 78 anos. E será uma um festa em família às vésperas do Dia dos Pais. Caetano estará acompanhado pelo filhos Moreno, Zeca e Tom.
Mas ele avisa que não se trata de uma reedição do espetáculo Ofertório, com o qual o quarteto percorreu o Brasil com imenso sucesso — passou por Porto Alegre em 2017 e 2018. Revezando-se nas vozes e instrumentos, os Veloso vão interpretar sucessos de Caetano, as inéditas Talvez e Pardo, e canções dos rapazes. O palco será a sala de Caetano, no Rio de Janeiro.
— O fundamental, que é cantar, estar na companhia dos meus filhos e escolher canções, me dá prazer — diz Caetano no material de divulgação do Globoplay.
Caetano explica por que batizou a apresentação de Live, a Lenda:
— No começo, eu nem via possibilidade de fazer live. Não achava que o que me era proposto fosse do meu feitio. Mas eu queria fazer. Acho graça de o assunto ter ficado tão falado. Espero poder cantar e tocar num nível razoável. Cantei umas vezes em lives de Teresa Cristina e assisti às de Milton (sozinho e com Xenia mais Liniker) e à de Gil. Vi uma de Péricles Cavalcanti com Yayo, um cantor argentino. E uma de Bel Marques. Lives são situações de clima próprio. Não é como gravar um vídeo ou fazer um show num palco diante de plateia. Gosto das frestas que aparecem nesse formato que surgiu com a quarentena (que já passa de noventena). A gente está longe dos ouvintes mas, de certa forma, com mais intimidade com eles.
Repertório
O cantor diz que recebe sugestões para o repertório via contato com os fãs nas redes sociais e por e-mail e que vai “tentar atender o máximo que puder”. Chegam sugestões tanto para revisitar material conhecido quanto para cantar músicas que nunca cantou:
— Meu critério deveria ser exclusivamente este: o que eu posso fazer melhor? Mas tanto os sucessos consagrados quanto as coisas que tratam de temas mais adequados à situação de quarentena, além do desejo de cantar canções pouco ouvidas, abalam esse critério. Assim, o público pode esperar um misto dessas coisas todas.
Quando estreou, em 2017, o espetáculo levava o nome de pai e filhos. Depois, passou a se chamar Ofertório, canção de 1997 que Caetano compôs em homenagem aos 90 anos de sua mãe, Dona Canô (1907–2012). Também com passagens pelo Exterior, a turnê revelou o sucesso Todo Homem, cantado por Zeca.
— Ofertório me deu muita felicidade. E fiquei com muito orgulho dos meus filhos, tanto como artistas quanto como pessoas. Adorei a live de Gil (a mais brilhante de todas, mostra de grande destreza musical) e fiquei comovido ao ver os filhos dele (dos quais gosto tanto) participando. Zeca esteve desde fevereiro aqui no Rio, perto. Moreno e Tom passaram tempos em fazendas, mas calhou de estarem de volta agora. Queria que eles participassem. Não tem quase nada do Ofertório. Eles vão tocar comigo muitas das músicas escolhidas para a live e eu vou cantar ao menos uma com cada um deles. Nesse caso, canções deles mesmos. Uma, a de Moreno, é uma parceria comigo.